divórcio ou casamento eterno?...

2006-06-26

Aprender a viver

Título que vi de passagem num jornal a sintetizar uma entrevista com Badaró: "Estou a aprender a morer".
Muito curioso. Nós, que passamos a vida a correr, a pensar na melhor maneira de gastar, desfrutar, gozar, malbaratar ou viver em plenitude a vida, raramente pensamos, mesmo quando paramos para isso (o que infleizmente é bem raro), nesta coisa tão inevitável: temos de morrer.
Talvez por isso nunca pensemos em aprender a morrer. Até poprque morrer é possívelmente um dos exercícios mais difíceis que a vida nos traz.
"Aprender a morrer" que interessante!
Já tinha ouvido jovens, que se sentem cada vez menos jovens, dizerem "temos de aprender a envelhecer".
Mas alguém dizer que está a aprender a morrer nunca ouvira!
Afinal os cómicos (fica esta referência para quem não conheceu o Badaró) sabem bem fazer-nos pensar!
Aprender a morrer! Vou pensar nisso.

2006-06-23

Prémio e Castigo

Do Público de hoje.
Um médico da Guarda, resolveu, em 2004, pagar do seu bolso 40 000 euros para adquirir para o hospital dois equipamentos oftalmológicos que se revelavam necessários e que muitas confusões e agressões burocráticas impediam a sua compra. Pois foi processado pela Inspecção Geral deSaúde por "violação dos deveres de zelo e de leladade". Finalmente foi agora arquivado o processo porque, embora a sua conduta como médico tenha sido "estruturalemente ilícita", o equipamento "era de tal forma premente que a opção foi bem aceite" pelo director do serviço de oftalmologia e "beneficiou inúmeros utentes".

É esta mentalidade de "funcionário público", quer na Administração do hospital que pecou por "inacção" quer do zeloso funcionário da IRS que cumpriu escrupulosamente a letra da lei quer de muitos servidores do Estado por repartições por esse país fora, que dificulta qualquer reforma ou avaliação e torna necessário o empenho "empenhado" de todos para que este país se modernize!

2006-06-22

Uma questão de caras

Segundo o jornal de hoje, o Comité de Ética do Royal Free Hospital poderá autorizar um transplante total da cara.
Para lá das complicações do foro médico, o debate centra-se nas implicações psicológicas: como irá reagir o doente a uma cara totalmente diferente da sua?
Imagino que seja um trauma complexo, mas a pergunta pode também fazer-se para o caso de o transplante não ser feito e a pessoa ficar com a cara totalmente desfigurada. Qual será diferença psicológica: uma cara sã mas não a própria ou a cara própria mas desfigurada e até irreconhecível?
De qualquer modo, no meio de tanta angústia e de tantas inseguranças que parece rodearem-nos é bom saber que os avanços médicos continuam e que procuram estar ao serviço da qualidade de vida das pessoas.

2006-06-01

O que demos às crianças

Certamente que as crainças não são uns santos tal como não se poderá generalizar o "não há rapazes maus", mas as crianças de hoje, para lá de outras especificidades típicas, depara(ra)m-se com um mundo que não construiram e que os influencia de modo significativo.
Para exemplificar, refiro três aspectos e suas potenciais consequências. Reconheço que há exageros, mas ignorar estes aspectos só irá dificultar o diálogo intergeneracional.
O facto de não lhe garantirmos um futuro - vão para a universidade? encontram emprego? arranjarão casa? - leva-os a viverem a vida de um modo presentista e imediatista: o que conta é o presente e mais nada. Vivem num tempo unidimensional: o passado, já apssou e nem sequer lhes interessam as marcas que deixou; o futuro não existe; logo resta o presente que deve ser vivido em cada momento, como que de melhor dele se poder sacar e com o máximo de intensidade.
Vivemos num mundo onde tudo é permitido, onde ninguém estranha nada, onde cada um faz o que quer. Neste contexto torna-se complicado desenvolver na criança uma correcta consciência ética ou moral: se os adultos fazem tudo, se as televisões mostram as mais incríveis enormidades cívicas, que lição retiram daí? E cá andam os muitos "pobres" pais e também professores a tentar educá-los numa escala de valores, que a catequese pública rapidamente desmonta.
Vivemos num mundo onde a cultura da irresponsabilidade alastra por todo o lado como os jacintos de água, a começar por muitas figuras públicas. Depois são as pequenas irresponsabilidadezinhas que cometemos em casa, na escola e noutros locais que elas frequentam. Perante estes exemplos exemplares, parece-me que o que é mais de admirar é que ainda haja crianças e jovens que consigam resistir aos nossos maus exemplos e se comportem de modo responsável e cívico.