Educadores do povo
Já tinha notado uns placards a fazer publicidade a um tal Jura, mas devo dizer que sempre faço um grande esforço para não ler o que dizem esses "violadores de consciências" que são, muitas vezes, os painéis publicitários à beira da estrada ou das ruas.
Porém esta semana li duas ou três frases sobre o Jura que gostaria de transcrever aqui.
Numa entevista ao novo semanário, diz um tal João Matos: "O meu objectivo não foi chocar as pessoas, mas trabalhar na mudança de mentalidades (sobre o sexo)", acompanhado do seguinte comentário: "explica o autor que assegura ter sempre muito cuidado no tratamento deste tipo de cenas, procurando enquadrá-las na história, para que não se tornem gratuitas". Para perceber melhor o que tal autor tem em mente, basta ler na Visão as palavras lúcidas de Patrícia Tavares na resposta à pergunta "Mas é de sexo que (também) se trata...": "A série implica uma grande exposição física, mas está longe de ser pornográfica ou perversa. Só se tem 30 anos uma vez na vida e se é para mostrar alguma coisa que seja agora". O entrevistador pede-lhe então uma comparação com a Ballet Rose: "Não sei bem como mundaram as mentalidades, mas espero que tenham evoluído. Quanto às duas produções, apesar de serem ambas ousadas, as roupagens são completamente diferentes e a linguagem de Jura é mais atrevida".
Já Francisco Penim, director de programas da SIC, sobre o destaque dado ao sexo na nova telenovela, esclarece: "É uma aposta nossa, estas cenas fazem com que mais gente veja a série".
Temos finalmente a absoluta garantia de Teresa Guilherme: "Eu não faço telenovelas pornográficas".
Com estes educadores do povo estamos garantidos. Não haverá nada a fazer? Uma proposta aos cidadãos para que não liguem a SIC na hora da educação sexual? Ou uma condecoração pelo grande esforço educativo a pessoas tão dedicadas à causa pública, como as que acabei de referir?
E boa noite a todos. Amanhã, se não houver ordens em contrário, vou passar mais uma semana no Hospital.