divórcio ou casamento eterno?...

2007-04-29

Lisboa

Não vou falar dos autarcas lisboetas...
Mas queria colocar uma questão a propósito da inauguração do túnel do Marquês.
Quando há tempos atrás Sá Fernandes interpôs uma providência cautelar por razões supostamente legítimas e razoáveis as obras pararam para serem retomadas mais tarde acarretando, dizem, um prejuízo envolvendo milhões de euros.
Assim sendo, quem é culpado por este prejuízo? Serão os cidadãos que pediram a providência cautelar? Mas esta é um exercício democrático que os cidadãos devem habituar-se a usar embora sempre de modo responsável. Quando o fizerem de modo irresponsável, quais são as consequências?
Como ainda estamos a aprender a viver numa democracia participativa e não apenas representativa, é bom que saibamos de que instrumentos dispomos e qual a maneira mais cidadã de os utilizar? A providência cautelar, abusada, pode tornar uma câmara ou um país ingovernável, mas não é por causa desse abuso que tal medida deve ser posta de lado. Há é que aprender a utilizá-la com bom senso democrático.

2007-04-07

Sexta-feira santa

Faz hoje treze anos era sexta-feira santa no Ruanda: Jesus estava a ser crucificado nos cidades e nos campos desse país africao.
Ele que pregara o mais revolucionário dos ensinamentos dados aos homens - amai os vossos inimigos e rezai pelos que vos perseguem - estava a ser crucificado nas pessoas que odiavam e eram odiadas. Ele que pregara a condenação absoluta da violência, proibindo Pedro de a usar para evitar a sua prisão, estava a ser crucificado por uma violência que ultrapassava a lei do tailão.
Ele, que desafiara todos a serem bons samaritanos, não conseguiu convencer os governantes nem os cidadãos ocidentais, alguns cristãos e outros subsidiários de uma cultura orignariamente maracada pelo evangelho, a fazerem-se "próximo" dos ruandeses e evitar aquela crucifixão genocídica.
As democracias, marcadas pelo desejo de um humanismo autêntico , não foram capazes ou não quiseram deixar de olhar para o seu umbigo e ir até ao Ruanda evitar a crucifixão de milhares de Cristos.
Ainda hoje assim fazem. E continuamos a ver, de longe, a crucifixão de muitos Cristo nos desertos do Darfur e noutros Gólgotas de que o mundo é pródigo. Nem sequer somos capazes de imitar o Cirineu, que ajudou a levar a cruz.
MAS... temos vontade política e força bruta para sermos ou deixarmos ser nós os próprios crucifixadores nas ruas de Bagdade, onde levamos o caos, a desordem, a morte, a miséria, a crucifixão diária de dezenas de Cristos.
O nosso pecado de deicídio é maior porque não é por causas nobres - intervenção humanitária, alargamento do desenvolvimento autêntico, a implementação dos objectivos do Milénio (onde vai isso?) - mas por egoísmos interesseiros - o controle dos poços de petróleo.
"O meu Reino - "um reino eterno e universal: reino o reino de verdade e de vida, reino de santidade e de graça, reino de justiça, amor e paz" (GS 39) - não é deste mundo".
Deste mundo é o reino e a justiça do petróleo.
Estas crucifixões lembram-nos que não podemos servir, isto é, prestar culto, simultaneamente às riquezas escravizantes e a Deus libertador. Temos que optar. Infelizmente já optámos e... mal.