divórcio ou casamento eterno?...

2007-05-15

Educação

Quero registar como um bom sinal o facto da ministra admitir que há programas e curricula escolares deficientes e desajustados.
Todos sabemos que estes não são os únicos responsáveis pelos insucesso escolar, mas que precisam de ser revistos é uma urgência.
E não se trata apenas de rever programas, que são de um modo geral exageradamente longos, salpicados por temas pouco relevantes, mas sobretudo porque seria bom definir objectivos para cada ano ou ciclo e estabelecer novas filosofias. Concretamente essa descoberta pedagógica de que o estudo deve ser uma brincadeira deve ter tido efeitos catastróficos. Convencer os miúdos de que o estudar é um divertimento só pode levar à conclusão que muitos alunos tiraram: se não dá prazer não se estuda. E logo hoje que a palavra sacrifício, esforço, luta pela vida deixaram de fazer parte do vocabulário público, a situação torna-se ainda mais complicada. Por isso, desmontar esta mentalidade vai ser muito difícil, mas é urgente pois o estudo, mesmo quando dá prazer, exige sempre esforço e trabalho às vezes bem pesado.
Mas será que há vontade política para implementar essas alterações? E se houver, será que as escolas estão disponíveis para uma nova filosofia? E se estão, será que os professores querem introduzir mudanças significativas nos seus métodos de ensinar e de estar na aula e na preparação inovadora e criativa das suas lições? E os pais estão preparados para não se ficarem pela exigência saloia de quererem rapidamente os filhos na Universidade a qualquer preço e sem a preparação e o espírito adequados? Estas são as condições, apenas as condições, para poder atingir o essencial: um novo espírito com que os alunos devem encarara o ensino.

2007-05-01

Dia do Trabalho

Dia de recordar o passado e as suas lutas libertadoras. Dia de fazer reivindicações. Tudo muito certo e necessário.
Mas...
Era bom aprofundar as novas realidades e não ficar pelas velhas soluções que foram muito importantes mas que tiveram o seu tempo.
Hoje há uma realidade outra que não pode ser esquecida. E não estou a referir-me às leis laborais e às ditaduras das multinacionais que se deslocalizam quando querem...
Penso que vivemos uma situação muito semelhante à dos tempos da Revolução Industrial. Há uma mudança de paradigma e é preciso, conjuntamente, com as lutas clássicas, olhar mais para a frente. E não só os trabalhadores e os sindicatos. Mas toda a sociedade. Por exemplo, as nossas universidades ainda preparam muito para profissões clássicas que possivelmente daqui a uma dúzia de anos já não terão espaço em vez de explorarem com ousadia os novos nichos laborais. Tal como a Revolução Industrial destruiu as velhas estruturas de segurança dos trabalhadores, mas simultaneamente abriu a porta a muitas outras profissões novas, assim hoje teremos de olhar não só para a destruição de tantos postos de trabalho clássicos, mas pensar como podemos explorar as muitas potencialidades que se nos abrem. É certo que se exige uma outra preparação dos trabalhadores (já não basta saber apertar parafusos que qualquer robo faz melhor e mais depressa), mas sobretudo uma outra mentalidade: não há empregos fixos para toda a vida, então o trabalhador tem que estar preparado, técnica e psicologicamente, para várias saídas, que lhe põem ao dispor muitas hipóteses, tem de ter conhecimentos suficientemente elásticos e não ficar-se por uma área específica. A escola não pode contentar-se com uma preparação académica para entrar na universidade.
Tudo isto para dizer que tem de haver da parte de todos especialmente dos que estão agora a passar esta fase dolorosa (toda a mudança de paradigma é dolorosa para a geração que a tem de viver) que se forem capazes de usar a sua criatividade e não quiserem ficar à espera que os outros lhes resolvam o problema, há milhentos campos onde as suas capacidades e talentos podem render muito mais que imaginam.
Ao actuar assim estão a dar a melhor resposta a uma crise que só subsistirá se olharmos para o futuro com os olhares nostálgicos de uma passada idade de ouro que nunca existiu. As idades de ouro estão no futuro e dependem de todos nós, da capacidade conjunta de todos participarmos na solução dos problemas do dia a dia e na construção de um futuro que será sempre à medida dos nossos esforços, dos nossos ideias e da nossa capacidade criativa de resposta adequada.