divórcio ou casamento eterno?...

2007-11-27

CV (35) De volta ao tratamento

olá a todos!

Venho escrever a pedido do meu pai. A TAC que foi feita há 15 dias revelou alguns pequenos indícios nos pulmões e a ida ao médico ontem determinou o começo imediato de novo tratamento. Não está tão mau como da outra vez e o tratamento resultou bem anteriormente portanto possivelmente não serão precisas tantas sessões. Esperemos que corra tudo o melhor possível.

Portanto o meu pai estará no hospital até sexta e depois virá cá ele de novo contar mais algumas das suas CV.

Um abraço a todos,
renata

2007-11-13

Bento XVI aos Bispos portugueses

Só apareço hoje porque andei estes dias ocupado com uma festinha à minha filha que fez o seu doutoramento. Foram tempos de muita alegria e bastante "distracção".
Como todos falam do puxão de orelhas do Papa aos bispos, eu diria que se houve puxão de orelhas foi a todos os católicos portugueses, naturalmente a começar pelos bispos.
Aliás o que o Papa disse não foi certamente novidade para ninguém:
1) O próprio Papa recorda os relatórios que recebeu e foi deles que desdacou este facto;
2) Todos nós sabemos, pelo menos difusamente, que a participação na Igreja em termos conciliares á fraca para não dizer menos.
Com certeza que foi muito importante que o Papa tenha falado na necessidade de reorganizar a Igreja e de cada um ocupar o seu lugar (e isto exige muita conversão para todos!).
Contudo, o mais importante é saber o que vai agora a Igreja portuguesa (nós todos: bispos, padres, leigos, religiosos; dioceses, paróquias e movimentos; secretariados e outros serviços pastorais) fazer. Que prioridades vai estabelecer? Que dinâmica vai criar? Porque é mais ou emnos sabido o que está mal, o que não queremos ou não sabemos é aplicar o remédio.
Mas o facto de ser o Papa a dizê-lo introduz um factor muito poderoso de urgência e de credibilidade que falta às vozes que se têm levantado. Agora já não são uns quaisquer marginais da pastoral; agora foi o Papa que o proclamou e o urgiu.
Assim a gente siaba responder.
Mas, tenho algum receio que passados uns dias já todos nos tenhmso esquecido. Até porque, só uma perguntinha inocente, quantos de nós leram o discurso do Papa?
Vivemos no tempo do efémero, do passageiro, do usar e deitar fora. E isto também se aplica às palavras sensatas e às críticas fundamentadas...

Para recordar o Concílio, mais uma citação:
Um só é, pois, o Povo de Deus: um só Senhor, uma só fé, um só Baptismo; comum é a dignidade dos membros, pela regeneração em Cristo; comum a graça de filhos, comum a vocação à perfeição; uma só salvação, uma só esperança e uma caridade indivisa. Nenhuma desigualdade, portanto, em Cristo e na Igreja, por motivo de raça ou de nação, de condição social ou de sexo, porque não há judeu nem grego, escravo nem homem livre, homem nem mulher: com efeito, em Cristo Jesus, todos vós sois um (LG 32).

2007-11-04

Zaqueu

Tenho uma especial predilecção por Zaqueu, como modelo de crente.
Bem sei que Abraão é considerado "o noso pai na fé", o grande modelo. Mas para mim, Zaqueu é melhor modelo, porque é dos nossos, pecador do dia a dia.
Abraão é doutra cepa. Tinha uma fé de arrasar montanhas. Aquela de obedecer sem um esboço de dúvida, à ordem "Deixa a tua terra, a tua família, a casa de teu pai e vai para a terra que Eu te indicar" (Gn 12,1) já me põe problemas muito sérios e dificilmente me convenceria mesmo com a promessa de "farei de ti um grande povo" (Gn 12,2). Mas a de "pega no teu filho, no teu único filho, a quem tanto amas, Isaac, e vai à região de Moriá, onde o oferecerás em holocausto, num dos montes que Eu te indicar" (Gn22,2), esta nunca seria capaz da fazer. Não tenho fé que chegue a tanto. Ponto final, parágrafo.
Mas também creio sinceramente que Deus não me pediria isso. Porque Deus ama a vida e não a morte. E eu também... à minha maneira, isto é, à maneira humana. Mas sobretudo porque eu nunca poderia imolar ou dar os meus filhos. Pegar na Renata ou no David e degolá-los a pedido, mesmo que fosse de um Deus não conseguiria fazê-lo nem sequer podia aceitar um Deus assim! Mas também porque os meus filhos não são meus: são deles próprios, têm a sua vida, o seu caminho. Um caminho que eu não posso, não devo nem quero traçar. Tento ajudar o melhor que sei e posso, mas sem nunca dispor deles.
Mas vamos a Zaqueu. Por que o considero modelo da fé? Porque exemplifica da maneira mais vivencial os caminhos que o crente tem de percorrer.
1ª - Procurou por todos os meios ver Jesus: ele, um dos homens mais poderosos da terra, até subiu a uma árvore, como um garoto a espreitar os acontecimentos.
2ª - Respondeu imediatamente ao chamamento de Jesus: sem falsos pudores nem respeitos humanos, saltou de alegria.
3ª - Converteu-se não apenas teoricamente, mas mudou realmente a sua vida: "vou dar metade dos meus bens aos pobres e vou restituir quatro vezes mais a quem prejudiquei".
4ª - Embora, o Evangelho não o refira, certamente que, a partir daí, Zaqueu deve ter sido um dos grandes apóstolos de Jesus.

Para recordar o Concílio:
Ao chamamento de Deus, o homm deve responder de forma tal que, sem transigir com a carne e sangue, ele se entregue à obra do Evangelho... Anunciando o Evangelho aos povos, dê a conhecer cofiadamente o mistério de Cristo, do qual é legado, de maneira que ouse falar nEle como é necessário, não se envergonhando do escândalo da cruz (Decreto sobre a Actividade Missionária da Igrja, Ad Gentes, 24)

2007-11-02

Sem morte a vida perderia o sentido

Estive hoje, Dia dos fiéis de funtos e das visitas de saudade aos cemitérios, a preparar o meu artigo para o Correio de Coimbra desenvolvendo três ou quatro ideias sobre a morte:
1ª - A nossa sociedade vive numa contradição acerca da morte: por um lado, esconde-a e tem medo dela; por outro, vive em muitas circunstâncias uma espécie de cultura da morte: como conduzimos, como nos protegemos, com tratamos a natureza, etc..
2ª - A morte é um dos principais factores de socialização hoje: em torno do morto convivemos mais do que na maior parte das situções, pois a nossa é uma sociedade de desencontros, de solidões, de "não lugares".
3ª - A nossa ânsia de eternidade não se compagina facilmente com uma vida que acabe aqui sem mais.
4ª - A morte diz-nos que só temos uma vida e que, portanto ou a vivemos bem ou não a vivemos. Se vivessemos "para sempre" perder-se-ia a urgência de viver a vida a sério. E, provavlemnte, não nos sentiríamos obrigados a ter um estilo e um programa de vida.

Para não esuqecer o Concílio, faço uma citação de mais um dos cinco documentos promulgados a 28.Out.1965:
A verdadeira educação, porém, pretende a educação da pessoa humana em ordem ao seu fim último e, ao mesmo tempo, ao bemdas sociedades de que o homem é membro e em cujas responsabilidades, uma vez adulto, tomará parte (Declaração sobre a Educação Cristã, Gravissimum educationis, 1).

2007-11-01

Crianças soldados

As crianças soldados atingem um número muito próximo das 300 mil.
É uma situação que não nos diz muito e não imaginamos a enorme brutalidade e violência que está por detrás desta realidade. As crianças, com idades que por vezes nem chegam aos dois dígitos, são raptadas e treinadas no ódio e no máximo desprezo pela vida dos outros e deles próprios. Desse treino faz parte a aplicação contínua de drogas que as tornam resistentes à dor, à fome, as atiram para frente do combate sem qualquer medo.
Ismael Beah escreveu a sua história, agora traduzida em português "Uma longa caminhada". Nela se percebem as circunstâncias que levam um rapaz que nem sabia o que era guerra a tornar-se uma máquina de matar e como, graças ao carinho de vários voluntários, conseguiu de novo aprender a sorrir e a viver. A seguir reproduzo o testemunho que deu no Conselho Económico e Social das Nações Unidas:
Sou da Serra Leoa e o problema que afecta as crianças é a guerra que nos obriga a fugir de casa, a perder as nossas famílias e a vaguear sem rumo pelas florestas. Como resultado, envolvemo-nos no conflito como soldados, carregadores e como executores de muitas outras tarefas difíceis. Tudo isto por causa da fome, da perda das nossas famílias e da necessidade de nos sentirmos em segurança e de fazermos parte de algo depois de tudo ter sido destruído. Juntei-me ao exército porque perdi a minha família e tinha fome. Queria vingar a morte dos meus familiares. Também tinha de arranjar comida para sobreviver e a única forma de o fazer era juntar-me ao exército. Não foi fácil sermos soldados, mas tivemos de o ser. Já fui reabilitado, por isso não tenham medo de mim. Já não sou soldado, sou uma criança. Somos todos irmãos. Aprendi com a minha experiência que a vingança não é boa: se vou vingar-me, irei matar outras pessoas cuja família quererá vingar-se; assim a vingança, a vingança e a vingança nunca terá fim”.

De um dos cinco documentos conciliares promulgados a 28.Out.1965:
Carece, portanto, de fundamento toda a teoria ou modo de proceder que introduza, entre ser humano e ser humano ou entre povo e povo, qualquer discriminação quanto à dignidade humana e aos direitos que dela derivam (Declaração sobre a Igreja e as Religiões não-cristãs, Nostra Aetate, 5)