divórcio ou casamento eterno?...

2010-08-20

Diáconos servidores

O passado dia 10 foi o dia litúrgico dedicado a São Lourenço, diácono e mártir e patrono dos diáconos. Bento XVI destacou, em 2008, que “a sua vida foi dedicada aos pobres, e deu generoso serviço à Igreja de Roma, especialmente no cuidado dos pobres e da caridade!” e lembrou que, perante a pressão do imperador que queria para si os imaginados bens da Igreja, lhe respondeu: “a riqueza da Igreja são os pobres.”
Pelo pouco que conheço, não se sabe como são escolhidos os diáconos (as comunidades não são ouvidas nem os Conselhos Pastorais consultadas) e parecem quase exclusivamente destinados ao serviço litúrgico.
Admito que o Concílio não definiu claramente as suas funções e valorizou excessivamente as litúrgicas: “É próprio do diácono, segundo for cometido pela competente autoridade, administrar solenemente o Baptismo, guardar e distribuir a Eucaristia, assistir e abençoar o Matrimónio em nome da Igreja, levar o viático aos moribundos, ler aos fiéis a Sagrada Escritura, instruir e exortar o povo, presidir ao culto e à oração dos fiéis, administrar os sacramentais, dirigir os ritos do funeral e da sepultura” (LG 9). Como se vê um sub-padre!!! Depois, continua com uma afirmação genérica: “Consagrados aos ofícios da caridade e da administração, lembrem-se os diáconos da recomendação de S. Policarpo: «misericordiosos, diligentes, caminhando na verdade do Senhor, que se fez servo de todos»”.
Mas tanto a sua criação (Act 6,3: “É melhor procurardes entre vós, sete homens de boa reputação, cheios de Espírito Santo e de sabedoria, e confiar-lhes-emos essa tarefa (a de cuidar das “viúvas esquecidas”)) e a história apontam muito mais para o serviço aos mais pobres. Mas agora, com a falta de padres, lá vão muitos para os substituir em vez de serem fiéis à sua missão e vocação originária.

Por isso, gostaria de recordar recentes palavras de D. Orani João Tempesta, arcebispo do Rio de Janeiro:
- O diácono é uma vocação ministerial para o serviço: ele deve ser fonte do ministério do amor e da justiça e um sinal da caridade e do serviço da Igreja que ama os pobres e vive para servir aos homens e as mulheres de boa vontade. O diácono é um servo que traça o caminho do amor e da afeição em relação ao dom maior da caridade.
- E dentro da perspectiva do serviço, destaco o da caridade, o serviço junto aos pobres, à situação de pobreza. A Igreja espera dos diáconos uma resposta às necessidades dos menos favorecidos de nossa sociedade.
- Cita da carta do cardeal Hume, da Congregação do Clero, a função que lhes é assinalada: “os diáconos são identificados, sobretudo, com a caridade. Os pobres são o seu ambiente quotidiano e o foco de sua actividade sem descanso. Não se compreenderia um Diácono que não se envolvesse na caridade e na solidariedade para com os pobres, que hoje de novo se multiplicam.”
- É um ministério do limite, por causa da atenção e do cuidado com aqueles que estão na situação de miséria e de pobreza, os preferidos de Jesus, e que precisam de nossa atenção social e também espiritual.
- Descreve que, em muitas dioceses, seja no Brasil ou no exterior, os diáconos servem, principalmente, a mulheres vítimas de violência, a crianças maltratadas, doentes mentais, tóxico-dependentes, pessoas portadoras de HIV, sem tecto, prisioneiros, refugiados, migrantes, populações de rua, desempregados e vítimas de discriminação racial ou étnica. Mas também estão atentos à pobreza de ordem espiritual: pessoas em extrema carência de atenção, que se encontram na solidão, na raiva, no ódio, na confusão espiritual, na depressão, e no sofrimento. Muitos empenham-se no ministério da escuta e do aconselhamento desses nossos irmãos, dando-lhes dar ânimo e esperança de vida.

2010-08-13

Comentando outro Comentário

Primeiro quero deixar claro que estou unicamente a partilhar preocupações e não certezas. Falei com o coração nas mãos, embora acrescentasse algumas passagens evangélicas (nem sempre certamente bem interpretadas) que me fazem meditar muito. A minha questão de fundo é se devo ou não pedir a cura da minha doença ou a resolução de um problema material ou espiritual qualquer. Pessoalmente, e repito, pessoalmente, sinto que não o devo fazer. Mas é uma mera opinião pessoal. Dela tenho falado com muitas pessoas, que, na sua esmagadora maioria, discordam de mim. Como já percebeu certamente, a minha posição é esta: “Então Deus que me ama mais que ninguém no mundo, que sabe melhor que ninguém o que me é mais útil, “precisa” mesmo que eu o “chateie” como refere Lc 11?”. E aqui podia fazer uma pergunta. Quantos doentes, que pediram a cura, foram atendidos? Não sei quantificar, mas sei que muitos continuam doentes. Quantos pediram um emprego e continuam desempregados? Indo um pouco mais longe, é por eu pedir muito, que sou atendido? O incentivo de Jesus a bater à meia-noite à porta de amigo e bater, bater até ele me dar o pão que preciso é mesmo eficaz como conclui S. Lucas?

Não estou a “condenar” ninguém nem quero dar lições a ninguém. Não ponho em questão o valor da oração, de nenhum tipo de oração. É certo que dou primazia àquela que defini na primeira vez: estar com Deus, abrir-lhe o coração, estar disponível para aceitar a sua vontade.
O que ponho em questão é o que se pede. Muitos, com essa lógica do “pedi e dar-se-vos-á”, pedem as coisas mais incríveis e acham-se no direito “evangélico” de serem atendidos. A maior parte das vezes pedimos soluções egoístas para problemas nossos. Mas também há muitos a pedir pelo bem dos amigos ou pela paz, justiça e solidariedade no mundo.
O que me preocupa é o seguinte: não é pedindo a Deus que venha fazer um mundo mais justo que o mundo se torna mais justo. Não porque Deus não possa fazê-lo, mas porque essa é uma tarefa que Ele nos atribuiu, a partir da primeira página da Bíblia: “cuidai e guardai o jardim” e sobretudo com a terrível pergunta “Onde está o teu irmão?”. Ele quer, como já repeti várias vezes, que sejamos nós, com mais ou menos talentos, a construir um mundo cada vez melhor e cada vez mais próximo do Reino de Deus, lutando pela paz, pela justiça, pela solidariedade, investigando rumos novos nos domínios material, intelectual e espiritual e alterando os nossos estilos de vida.
Não é a oração que ponho em causa. É que a maior parte fica pela oração, acreditando que, pedindo, Deus fará o que lhes compete a eles. É esta mentalidade que deixa o mundo como está, que dificulta que a Igreja seja uma comunidade efectiva de acolhimento capaz de fazer uma proposta de libertação para tantos necessitados de esperança, de sentido de vida, de pão, de amor, de uma palavra consoladora. É esta mentalidade que origina cristãos por delegação: delegam em Deus e ficam com a consciência tranquila. Basta-lhes ir à Missa e à Comunhão, cumprir as suas devoções, mas nem sequer, só para dar um exemplo demasiado comum, pagam o subsídio de férias e de Natal às suas “mulheres a dias”. Esses possivelmente nunca meditaram em passagens evangélicas como “Não é o que diz ´Senhor, Senhor´ que entrará no Reino dos Céus, mas sim aquele que faz a vontade de meu Pai, que está nos céus” (Mt 7,21) ou o discurso escatológico: “Vinde, benditos de Meu Pai, porque tive fome, sede, … e sempre que o fizestes ao mais pequenino foi a Mim que o fizestes” (Mt 25, 31ss).

Quero, finalmente dizer-lhe, que a minha relação com Deus é muito “simples”: de filho para Pai. Falo com Ele, umas vezes alegro-me e outras refilo e discuto; partilho as minhas preocupações e alegrias, e também faço silêncio. Estes tempos de comunhão são muitas vezes fecundos e felizes; outras vezes, vazios e distantes. Mas acredito, às vezes com esforço, que, num caso como noutro, sou infinitamente amado. Por isso, posso também subscrever as suas palavras: “É terrível o deserto. No meio da angústia não ver nem sentir Deus. Saber que Ele não me abandona, mas dizê-lo com a cabeça sem o sentir com o coração”. Mas são estas dificuldades que reforçam a nossa fé ou… acabam com ela. Para mim têm servido de reforço e de uma maior purificação do meu conceito de Deus.

Foi um prazer espiritual muito forte este diálogo que me proporcionou. Com as minhas saudações fraternas no Senhor Jesus, rezo para que o Senhor nos continue a ajudar a sermos os seus instrumentos em todos os momentos da nossa vida!

2010-08-10

FINALIZANDO POR AGORA

A terceira observação é sobre “Mudou a nossa ideia de Deus mas Deus é o mesmo”. Não podia estar mais de acordo. O problema é que para muitos cristãos não mudaram a sua ideia de Deus, E como diz um sociólogo, hoje só permanece o que muda. Deus é “de ontem, de hoje e de sempre”, seja qual for a imagem que tenhamos dele. O que não pode mudar é a “lógica de Deus”, a lógica da atenção ao outro e do amor. Como recordava, no domingo passado, Bento XVI aos peregrinos, a propósito do “entesourar” no céu, “onde o ladrão não chega nem a traça corrói” (Lc 12,33): “É um convite a usar as coisas sem egoísmo, sede de poder ou domínio, mas segundo a lógica de Deus, a lógica da atenção ao outro, a lógica do amor: como escreve sinteticamente Romano Guardini, ‘na forma de uma relação: a partir de Deus, em vista de Deus’”.
A partir da lógica de Deus é evidente que os olhos da fé dão-nos uma perspectiva diferente dos acontecimentos: toda a história de Israel, escrita na Bíblia, porque é um história, vista a partir da fé, justifica os acontecimentos reais de um modo totalmente diferente do dos arqueólogos e historiadores. Foi nesse sentido que escrevi que Deus nos fala através de tudo: dos acontecimentos, das pessoas, dos nossos estados de espírito. Quantas vezes, ao reler uma passagem evangélica, descobri aspectos que antes me passaram despercebidos?

Também estou totalmente de acordo que Deus quer que sejamos felizes. E queremos felizes já aqui e agora. Não sou exegeta e uma interpretação que faço das bodas de Caná deve pôr os cabelos em pé a quem estuda científíca e teologicamente a Bíblia. Por que é que S. João, tão “teológico” e tão carregado de símbolos, coloca como primeiro milagre o “milagre ridículo (comparado com uma ressurreição ou um cura)” da transformação da água em vinho? Porque, penso eu, ele quis mostrar que a Sua salvação não é apenas espiritual. É total e é aplicável até às coisas aparentemente mais ridículas. Num casamento, a falta de vinho era um sofrimento bem doloroso para os noivos; por isso Jesus os liberta dele, como nos liberta de outros sofrimentos.

E chegou a vez de irmos à minha questão de fundo: pedir ou não pedir. A sua afirmação: “E não devo pedir a Deus que me ajude a arranjar trabalho?” leva-me a outra pergunta: “Mas por que deve Deus arranjar-me trabalho?”. E certamente está a ver a quantidade de coisas que podem estar em vez de trabalho: passar num exame, ganhar um concurso profissional e por aí fora, até, não leve a mal, mas conheço pessoas que o fazem, “que o meu clube de futebol ganhe”.
Portanto, Deus deve resolver-me e tirar-me das dificuldades (eu sei que só se refere a pedir-lhe… mas se lhe pede é porque quer ser atendido, por isso escreveu “Melga até ao fim”). Aliás vejo que se dá conta da injustiça que pode estar a “obrigar” Deus a cometer: “porque eu ao ficar com esse tal emprego significa que outro não o vai conseguir”. Não me leve a mal, mas tenho de lhe fazer, não por maldade, mas com toda a fraternidade cristã, esta pergunta: “Não acha que se trata de um pedido injusto (em vez de lutar por um sociedade melhor peço a Deus que me arranje um emprego, que será à custa de outro), egoísta (“o problema não é meu”), de falta de solidariedade (“o outro que se desenrasque”)”?
Por isso eu não estou nada convencido de que “Deus quer muitos chatos destes”. Mas quem somos nós para julgar ou perceber Deus!?

De qualquer modo, o que está subjacente neste seu raciocínio é um tipo de oração, o mais habitual e com mais “variações”, que é a petição. É, para mim, a mais “interesseira” das orações. Mas é perfeitamente legítima e uma manifestação de fé, que não me atrevo a julgar. E há muitas outras, como aliás também refere a seguir: a "conversa com Deus" de que sai a calma para olhara  arealidade doutro modo.

Mas quero parar aqui um bocadinho, porque esta é a minha questão de fundo. Devo ou não pedir a Deus que me cure? Vamos ao nosso modelo ideal de vida: Jesus Cristo. Jesus também pediu ao Pai. Por exemplo, “que os guardes deste mundo” pedido em favor dos discípulos.
Mas relativamente a Ele a situação típica é a oração no Monte das Oliveiras. E noto dois aspectos:
1) “Se for possível, afasta de mim este cálice”. Jesus pede que o Pai o livre daquele sofrimento agónico em que se encontrava e da própria morte, mas coloca uma condicional: “se for possível”. Significará este condicional “se for essa a tua vontade”? Não sei. Mas é uma interpretação possível, pelo que vem a seguir, embora seja mais lógica outra: se eu puder redimir o mundo sem passar pela cruz, livra-me disso. E digo mais lógica (será legítimo falar deste tema com lógicas humanas!?) porque Jesus podia redimir-nos sem passar pela cruz; certamente haveria muitos outros modos. Aliás a decisão de matar de Jesus é tomada pelo Sinédrio, numa das passagens mais ricas de “psicologia e sociologia humanas” que S. João descreve tão bem: “ou ele ou nós; se não acabarmos com ele acaba ele connosco, com o nosso sistema social que tantos benefícios nos traz” (cf Jo 11,47ss). Nos Sinópticos, os três anúncios da Paixão ligam sempre a morte (na cruz) de Jesus a uma decisão dos homens (escribas, sacerdotes, pagãos): 1º (Mt 16,21; Mc 8,31; Lc9,22); 2º (Mt 17,24; Mc 9,31; Lc 9,44); 3º (Mt 20,18s; Mc 10,33s; Lc 18,32). Todos estes anúncios fazem explícita e unicamente uma ligação directa entre a morte de Jesus e a decisão dos homens. Só numa delas, se introduz uma dimensão mais alargada, supostamente a Deus que fala pelos Profetas: “Olhai, subimos agora a Jerusalém e cumprir-se-á tudo quanto foi escrito pelos profetas acerca do Filho do Homem” e continua com o anúncio. Nem S. Mateus, que está sempre a justificar “para que se cumpram as Escrituras”, faz qualquer introdução deste tipo.
2) “Mas não se faça a minha vontade, mas a tua”. É a vontade do Pai que conta, não é a de Jesus. Não vou alongar-me mais. Só recordar que “a vontade do Pai” comanda toda a vida de Jesus.

Eu não posso nem quero comparar-me a Jesus. Pode até, e com razão, acusar-me do pecado de orgulho. Mas, como escrevi, acho uma grande incoerência rezar o Pai Nosso (“faça-se a tua vontade”) e logo a seguir pedir-lhe para fazer a minha! Estou a falar de mim. Não estou a acusar ninguém. Quem sou eu para ser mocdelo de alguém!

Para terminar uma observação sobre "Deus não poderá estar presente na acção de um médico que operou bem ". É evidente que eu vejo, como escrevi da primeira vez, na inteligência do homem a manifestação de Deus: na inteligência de quem inventou os medicamentos, na competência dos que diagnosticaram correctamente a minha doença, na perícia dos médicos que me operaram, no cuidado dos enfermeiros que me dão a horas e correctamente a medicação prescrita, no carinho dos auxiliares que me ajudam a tomar banho. A única coisa que digo é que Deus não intervém, por regra, directamente mas através de nós, seus instrumentos.
No fundo, estamos certamente muito mais próximos um do outro do que pode parecer. Ambos amamos profundamente Deus. Ambos acreditamos que ele actua na história mais ou menos (in)directamente.

Finalmente quero agradecer-lhe e saudá-lo fraternalmente em Jesus Cristo, pela oportunidade que me deu para reflectir um pouco mais sobre o Deus que eu amo, ou melhor, que me ama. Esta reflexão, po irónico que pareça, nem sempre é fácil neste tempo de férias, fora de casa e dos meus livros onde leio excelentes comentários que me ajudam a reflectir tudo isto. Aqui só tenho um Novo Testamento e o amor ao Deus que tanto me ama e de modo gratuito e que se manifesta na Fátima, minha colega de caminhada há 39 anos, nos meus filhos, nos meus amigos, na Natureza.

2010-08-09

CONTINUANDO...

A primeira observação é sobre a expressão “a natureza (e o Homem claro) estão impregnados de Deus”. Embora pense entender o que quer dizer, parece-me uma frase ambígua pois deixa algum sabor panteísta, apesar da sua imagem da esponja, que me parece “simplificadora”. Mas não são todas as nossas imagens de Deus simplificadoras? É evidente para mim que Deus é o Senhor da história, como procurei explicitar no último post. Mas este senhorio não é “possessivo”; deixa-nos espaço para exercer a nossa liberdade. Assim, penso que, “apesar” de Deus ser o Senhor da História, a História vai-se construindo num diálogo dialéctico entre duas vontades: a vontade de Deus e a vontade do Homem. E infelizmente esta parece ganhar demasiadas vezes. A História que nós vivemos hoje não é a História querida por Deus, mas a desejada pelos Homens e são os Homens (alguns) que, movidos certamente pela vontade de Deus, que nunca se impõe mas está sempre presente, vão, muitos sem darem conta desse impulso interior, introduzindo factores libertadores na História. Cito uma passagem da Gaudium et Spes que me ajuda a fundamentar este meu raciocínio: “A expectativa da nova terra não deve, porém, enfraquecer, mas antes activar a solicitude em ordem a desenvolver esta terra, onde cresce o corpo da nova família humana, que já consegue apresentar uma certa prefiguração do mundo futuro. Por conseguinte, embora o progresso terreno se deva cuidadosamente distinguir do crescimento do Reino de Cristo, todavia, na medida em que pode contribuir para a melhor organização da sociedade humana, interessa muito ao Reino de Deus. Todos estes valores da dignidade humana, da comunhão fraterna e da liberdade, fruto da natureza e do nosso trabalho, depois de os termos difundido na terra, no Espírito do Senhor e segundo o seu mandamento, voltaremos de novo a encontrá-los, mas então purificados de qualquer mancha, iluminados e transfigurados, quando Cristo entregar ao Pai o reino eterno e universal: «reino de verdade e de vida, reino de santidade e de graça, reino de justiça, de amor e de paz». Sobre a terra, o Reino já está misteriosamente presente; quando o Senhor vier, atingirá a perfeição” (Gaudium et Spes 39). Lembro que a expressão “e do nosso trabalho” não fazia parte das várias versões do documento, acabando por se impor só na parte final do debate e fazer parte da versão oficial.

A segunda observação é sobre “Ele (Deus) e as leis da natureza continuam indissociáveis”. Posso dizer o mesmo que disse atrás: o que significa indissociáveis? Primeiro voltemos ao Concílio. A Gaudium et Spes aborda de modo rápido a questão, já que o seu objectivo nesta passagem é outro: “As tarefas e actividades seculares competem como próprias, embora não exclusivamente, aos leigos. Por esta razão, sempre que, sós ou associados, actuam como cidadãos do mundo, não só devem respeitar as leis próprias de cada domínio, mas procurarão alcançar neles uma real competência” (43). Mas no decreto sobre o apostolado dos leigos é muito mais explícito: “A vontade de Deus com respeito ao mundo é que os homens, em boa harmonia, edifiquem a ordem temporal e a aperfeiçoem constantemente. Todas as realidades que constituem a ordem temporal – os bens da vida e da família, a cultura, os bens económicos, as artes e profissões, as instituições políticas, as relações internacionais e outras semelhantes, bem como a sua evolução e progresso – não só são meios para o fim último do homem, mas possuem valor próprio, que lhes vem de Deus, quer consideradas em si mesmas, quer como partes da ordem temporal total: «e viu Deus todas as coisas que fizera, e eram todas muito boas». Esta bondade natural das coisas adquire uma dignidade especial pela sua relação com a pessoa humana, para cujo serviço foram criadas. Finalmente, aprouve a Deus reunir todas as coisas em Cristo, quer as naturais quer as sobrenaturais, «de modo que em todas Ele tenha o primado». Mas este destino, não só não priva a ordem temporal da sua autonomia, dos seus fins próprios, das suas leis, dos seus recursos, do seu valor para bem dos homens, mas antes a aperfeiçoa na sua consistência e dignidade próprias, ao mesmo tempo que a ajusta à vocação integral do homem na terra” (Apostolicam Actuositatem 7). Depois continua que “o uso das coisas temporais foi, no decurso da história, manchado com graves abusos”, porque nós somos marcados pelo pecado.
Por outro lado, a Igreja coloca-se numa situação difícil ao identificar Deus e as leis naturais ou “o que é natural”. Primeiro: “o que é natural?” O “natural” é um dado eterno, imutável ou é “cultural” isto é, muda com o espaço (as várias culturas) e com o tempo (as várias épocas)? Por exemplo, durante muitos séculos a escravatura foi considerada “natural” tanto por não cristãos como cristãos. Eu sei e conheço os esforços que foram feitos ao longo da história pela Igreja no sentido de a condenar e eliminar. Mas era considerada “natural”. Tal como era “natural” a desigualdade entre os cidadãos e mesmo e sobretudo entre os cristãos. Deixe-me citar a Vehementer nos de Pio X (1906): “A Igreja é, por essência, uma sociedade desigual, ou seja, compreende duas categorias de pessoa: os pastores e o rebanho; os que ocupam um posto nos diferentes graus da hierarquia e a multidão dos fiéis. E estas categorias são de tal modo distintas uma da outra que só no corpo pastoral residem o direito e a autoridade necessários à promoção e direcção de todos os membros para o fim da sociedade. Quanto à multidão, não tem outro direito senão o de deixar-se conduzir e de, como dócil rebanho, seguir os seus pastores”. Certamente que não preciso de citar nenhuma das tantas passagens conciliares que recusam tal leitura "natural" ( "A Igreja é, por essência; uma sociedade desigual"): LG 12; 31; 32; GS 43; AA2-3; …
Ora a (hierarquia da) Igreja confunde o “natural” como lei “imutável” de Deus e, pior ainda têm a convicção de que é a única intérprete autêntica da lei natural. Ao agir assim, parece ignorar dois aspectos.
Primeira: toda a História (e não há uma história sagrada e uma profana, mas somente a História (cf Convenientes ex Universo 6)) é dinâmica e na base desse dinamismo está o Espírito Santo e a vontade tantas vezes “rebelde” do Homem, mas também as inúmeras estruturas que, sendo criadas pelo Homem, rapidamente se autonomizam e acabam por controlar e por se impor ao próprio Homem (cf. Sollicitudo Rei Ssocialis 36).
Segunda: Ficar amarrada a uma interpretação fixista de “lei natural” dificulta não só diálogo com o mundo plural e multicultural, mas pode até incapacitar uma verdadeira evangelização, que tem de partir de tudo “o que há de bom no coração e no espírito dos homens ou nos ritos e culturas próprias dos povos” (Ad Gentes 9). É que “na verdade, o Espírito do Senhor, que anima o homem renovado em Cristo, altera sem cessar os horizontes onde a sua inteligência gostaria de encontrar segurança e onde de bom grado a sua acção se confinaria: uma força habita no próprio homem que o convida a superar todos os sistemas e todas as ideologias. No coração do mundo permanece o mistério do próprio homem, o qual se descobre filho de Deus, no decurso de um processo histórico e psicológico em que lutam e se alternam violências e liberdade, peso do pecado e sopro do Espírito” (Octogesima Adveniens 37).
Não poderia acabar estas primeiras observações sem voltar ao Concílio: “No entanto, muitos dos nossos contemporâneos parecem temer que a íntima ligação entre a actividade humana e a religião constitua um obstáculo para a autonomia dos homens, das sociedades ou das ciências. Se por autonomia das realidades terrenas se entende que as coisas criadas e as próprias sociedades têm leis e valores próprios, que o homem irá gradualmente descobrindo, utilizando e organizando, é perfeitamente legítimo exigir tal autonomia. Para além de ser uma exigência dos homens do nosso tempo, trata-se de algo inteiramente de acordo com a vontade do Criador. Pois, em virtude do próprio facto da criação, todas as coisas possuem consistência, verdade, bondade e leis próprias, que o homem deve respeitar, reconhecendo os métodos peculiares de cada ciência e arte” (Gaudium et Spes, 36).
Naturalmente quando fala de autonomia nunca quis dizer que Deus não tem nada a ver com este mundo, esta natureza ou qualquer criatura. Pois, e continuando a citação que acabei de fazer, “se, porém, com as palavras «autonomia das realidades temporais» se entende que as criaturas não dependem de Deus e que o homem pode usar delas sem as ordenar ao Criador, ninguém que acredite em Deus deixa de ver a falsidade de tais afirmações. Pois, sem o Criador, a criatura não subsiste” (ibidem).

2010-08-08

Comentário ao Comentário de AAA

Começo por me congratular com AAA e agradecer do fundo do coração o comentário que fez, até porque já aqui coloquei várias vezes temas que mereciam algum comentário cuidado e sério e isso não sei se alguma vez aconteceu. O tema, que abordamos, é o tema central da nossa vida de crentes.
Antes de fazer algumas observações ao seu comentário, quero enquadrar a minha reflexão pelo que irei começar por uma introdução pessoal.
Tive uma catequese pré-conciliar, assente no medo e no castigo, com o inferno a ser uma palavra sempre presente, ainda mais, apoiado pelo testemunho dos pastorinhos de Fátima que viram tantas almas a caírem no inferno (Por isso gostei muito da homilia de Bento XVI, em Fátima, na qual dá credibilidade a nova(s) leitura(s) da mensagem de Fátima). Foi para mim um drama que me angustiou durante largos anos até que descobri Jesus Cristo. Esta descoberta foi O ACONTECIMENTO MAIS IMPORTANTE da minha vida e marcou-me definitivamente. Jesus, o único verdadeiro exegeta do Pai (“A Deus nunca ninguém o viu. O Filho único, que está no seio do Pai, é que o deu a conhecer”: Jo 1,18), mostrou(-me) que:

- Deus é Pai e que, portanto todos somos irmãos (isto demorou-me bastante tempo a interiorizar e ainda quantas vezes me esqueço ou faço esquecido!); e intimamente ligada a esta, a de que

- Deus é Amor (que descoberta extraordinária: as vezes que li e meditei e chorei ao ler a parábola do Filho pródigo), Amor gratuito, que me ama, não pelos meus méritos mas “por graça”, que me chama pelo meu nome: Eu sou amado “por mim” e não porque sou melhor ou pior que os outros; cada um dos outros é também amado incondicionalmente “por si próprio”. Esta é, no fundo, a Boa Nova da Salvação: Deus ama-te pessoalmente, conhece-te pelo teu nome e ama-te também como membro de uma Igreja e da humanidade, “porque agradou a Deus que residisse em Cristo toda a plenitude e por Ele fossem reconciliados com Deus todas as coisa, pacificando, pelo sangue da sua Cruz, tanto as da Terra como as do Céu” (Col 1,19-20). Bento XVI diz isso através da vida de santa Josefina Bakhita: “Até então só tinha conhecido patrões que a desprezavam e maltratavam ou, na melhor das hipóteses, a consideravam uma escrava útil. Mas agora ouvia dizer que existe um «paron» acima de todos os patrões, o Senhor de todos os senhores, e que este Senhor é bom, a bondade em pessoa. Soube que este Senhor também a conhecia, tinha-a criado; mais ainda, amava-a. Também ela era amada, e precisamente pelo «Paron» supremo, diante do qual todos os outros patrões não passam de miseráveis servos. Ela era conhecida, amada e esperada; mais ainda, este Patrão tinha enfrentado pessoalmente o destino de ser flagelado e agora estava à espera dela «à direita de Deus Pai». Agora ela tinha «esperança»; já não aquela pequena esperança de achar patrões menos cruéis, mas a grande esperança: eu sou definitivamente amada e aconteça o que acontecer, eu sou esperada por este Amor. Assim a minha vida é boa. Mediante o conhecimento desta esperança, ela estava «redimida», já não se sentia escrava, mas uma livre filha de Deus” (Spes Salvi, 3);

- Deus é o Senhor da história (“O Espírito de Deus, que dirige o curso dos tempos e renova a face da terra com admirável providência, está presente a esta evolução. E o fermento evangélico despertou e desperta no coração humano uma irreprimível exigência de dignidade”: Gaudium et Spes, 26) e que, portanto, continua a revelar-se não só na Sagrada Escritura (“Tendo Deus falado outrora aos nossos pais, muitas vezes e de muitas maneiras, pelos Profetas, agora falou-nos nestes últimos tempos pelo Filho, a Quem constituiu herdeiro de tudo e por Quem igualmente criou o mundo”: Heb 1,1), mas também hoje nos acontecimentos, nas pessoas, nas vitórias e percalços da minha (nossa) vida. E o Concílio foi muito insistente neste aspecto fundamental, que resumiu na ideia dos “sinais dos tempos como lugar teológico”: Para levar a cabo esta missão, é dever da Igreja (cristão) investigar a todo o momento os sinais dos tempos e interpretá-los à luz do Evangelho, para que assim possa responder, de modo adaptado em cada geração, às eternas perguntas dos homens acerca do sentido da vida presente e da futura, e da relação entre ambas. É, por isso, necessário conhecer e compreender o mundo em que vivemos, as suas esperanças e aspirações, e o seu carácter tantas vezes dramático” (Gaudium et Spes, 4). Mais elaborada e profunda é uma outra afirmação: “Aprouve a Deus, na sua bondade e sabedoria, revelar-se a Si mesmo e dar a conhecer o mistério da sua vontade, segundo o qual os homens, por meio de Cristo, Verbo encarnado, têm acesso ao Pai no Espírito Santo e se tornam participantes da natureza divina. Em virtude desta revelação, Deus invisível, na riqueza do seu amor fala aos homens como amigos e convive com eles, para os convidar e admitir à comunhão com Ele. Esta «economia» da revelação realiza-se por meio de acções e palavras intimamente relacionadas entre si, de tal maneira que as obras, realizadas por Deus na história da salvação, manifestam e confirmam a doutrina e as realidades significadas pelas palavras; e as palavras, por sua vez, declaram as obras e esclarecem o mistério nelas contido” (Dei Verbum, 2; o bold é meu). Mas Deus, sendo o Senhor da história, quer que sejamos nós os seus “instrumentos”: “precisa”, quer precisar (ver em Ex 3 o diálogo entre Deus e Moisés e as suas (nossas) desculpas para não ser Seu “instrumento” na história) das nossas mãos para cuidar da pessoa ensanguentada à beira do caminho, da nossa boca para proclamar a verdade, a justiça, o amor, a paz; da nossa inteligência para construir um mundo com melhor qualidade de vida, da nossa vontade para não desanimar na construção, sempre difícil, de uma história mais próxima do Reino de Deus, do nosso amor e cuidado pelo outro e pela natureza para o tornar visível a Ele que é “O Invisível”, para o tornar compreensível a Ele que é “O Incompreensível”. Por isso, eu sei que Ele tem um projecto para mim (e para todos): o maior problema da minha longa vida, a partir deste momento, foi (e é) descobrir em cada momento qual o projecto que Deus tem para mim, porque os projectos de Deus para cada um de nós pouco têm a ver com as nossas vistas curtas e interesseiras, por muito legítimas e “santas “ que sejam. A dificuldade é que Deus não me diz claramente o que quer de mim neste momento, em cada momento: vai-me deixando sinais, dos mais variados e até mais inesperados, que eu tenho de ler e tentar interpretar: há sinais e contra-sinais. Nunca sei se decidi bem ou mal. Só o saberei no Reino de Deus, mas tenho de ir optando conforme os dados que disponho. Bem me recordo do profeta que procura Deus nas manifestações mais espectaculares, mas Ele afinal “aparece-lhe” na brisa da tarde. Ora num mundo como o de hoje onde há tanto ruído, tanta falta de silêncio, como apanhamos as “brisas” que nos são dirigidas!?

Finalmente, e para acabar a observação introdutória, mais uma citação de Bento XVI, que nem os leigos (que raramente lêem as encíclicas) nem os padres (que possivelmente as lêem mas nem sempre as meditam a sério), nem os Bispos (que possivelmente as meditam, mas raramente as traduzem em linguagem vulgar para o povo de Deus), mas que me parece fundamental para a vida dos cristãos. Fiquei feliz por Bento XVI a ter escrito porque eu já a “sabia” desde a descoberta de Jesus Cristo: “No início do ser cristão, não há uma decisão ética ou uma grande ideia, mas o encontro com um acontecimento, com uma Pessoa que dá à vida um novo horizonte e, desta forma, o rumo decisivo” (Deus Caritas est, 1).
O comentário ao texto de AAA fica para os próximos posts.

2010-08-04

Que me dera ter fé!

No passado dia 31, a Fátima e eu fizemos 39 anos de casados.
Foi um dia bonito com alguns amigos que ainda por cá estavam. A pedido de vários vou aqui deixar a nossa "Oração de Acção de Graças". Mas antes e para a enquadrar gostaria de dar conta de um debate muito interessante que se estendeu pela noitedentro. A dada altura, foi posta a pergunta que um amigo de um dos presentes coloca com insistência: "Se a fé é um dom, por que não tenho fé? O que eu gostava de ter fé!".
Esta é uma questão de muito difícil resposta (para mim!), mas que não podemos iludir. Eu não sei. Mas tenho-me interrogado muito sobre ela. Por que é que uns têm fé e outros não?
Penso que o problema está no facto de vivermos de "ideias feitas" sobre Deus e sobre a fé. Quando pensamos em Deus, surge-nos uma imagem antropomórfica, um Deus à medida da nossa compreensão humana, um Deus que medimos pelos nossos padrões. Temos dificuldade em aceitar que Deus, o nosso Deus, seja um mistério, o Grande Mistério, absolutamente incompreensível e indizível na sua plenitude.
Ora, para muitos de nós ter fé é acreditar nesse Deus antropomórfico. A poucos ocorrerá que quando praticamos a justiça, exercitamos a solidariedade, vivemos a caridade estamos a ser instrumentos desse Deus Grande Mistério. Ele pode, mas não quer estar sempre a interferir no dia a dia da História. Quer que sejamos nós a fazê-lo, a substituí-lo, mesmo correndo o risco de ficar tão mal visto!
O cancro que há quase cinco anos me vem marcando a vida, tem sido um tempo que me ajudou a purificar um pouco mais a minha ideia de Deus. Deus criou o ser humano como um ser livre, com autonomia própria. E fê-lo assim porque quis, por puro amor. Porque não queria pessoas marionetas. Deus sabia bem os "riscos" que corria ao criar o Homem livre.
Por outro lado, fui descobrindo (sou de raciocínio um pouco lento) que Deus também criou a "natureza" com regras próprias e deu-lhe toda a lberdade para se desenvolver segundo esssa regras e sem estar sempre a interferir.
Deus respeita a nossa liberade e as leis de que dotou a natureza.
Portanto, não foi Deus que me colocou um cancro no meu corpo. Foi o meu corpo que, com as suas limitações, foi evoluindo segundo essas suas fraquezas, que conduziram a um cancro. Eu também terei dado o meu contributo com maus hábitos alimentares ou até profissionais. Mas Deus não teve qualquer culpa.
Ora bem, se me curar (o que aliás nunca saberei!), também não é Deus que me cura, mas sim a sabedoria amorosa dos médicos, a dedicação dos enfermeiros, a eficácia dos medicamentos e alguma força de vontade minha.
O que estou a dizer parecerá uma heresia a muitos cristãos. Mas tal como Deus não nos põe doentes (muito menos, por castigo, como ainda há quem assim pense!), também não é Ele que nos põe sãos. Pode haver raríssimas excepções, que estão por detrás de alguns miagres. Deus pode, mas não quer.
É por isso quem nem eu nem a Fátima nunca pedimos a Deus que me curasse. Deus sabe bem o que deve fazer. Eu bem sei que há passagens no Evangelho que nos mandam pedir, pedir, pedir. Será que Deus está à espera das minhas orações e das de tantos amigos para mudar de opinião, como se eu fosse alguém de excepção? Mas não rezamos todos os dias no Pai Nosso "faça-se a vossa vontade"? Mas... eu quero que Ele faça a minha. Não é isto incoerência? Como posso rezar o Pai Nosso e pedir a Deus que me cure?
Será isto falta de fé? É, se olhar para a fé num Deus antropomórfico: uma fé que pode assumir foros de  mercantilista. Mas não é, se eu pensar num Deus que me ama, me ama gratuitamente e me quer de coração aberto e totalmente disponível para o seu projecto a meu respeito. 
Então não vale a pena rezar? Vale e muito, se rezar é estar em comunhão íntima com Deus, é estar confiante como uma criança, é estar aberto a rejeitar os muitos ídolos mundanos e lutar pelos valores, pela "justiça do Reino". Rezar é estar com Deus, mesmo na noite mais escura em que parece que Ele não existe e nós não temos fé ou não sabemos em quem ter fé, nessa "noite obscura" de S. João da Cruz ou da Madre Teresa de Calcutá. Uma escuridão que, para eles, resultou da cegueira produzida pela proximidade de um brilho infinito. Mas que não lhes tirava as dúvidas. Contudo, quem aí chega, está no limiar da verdadeira santidade.
Deus é o Grande Mistério que eu adoro, pelo qual procuro orientar a minha vida, que procuro ler nos sinais dos aconteciemntos, das pessoas que me rodeiam, na Sagrada Escrituram, na Eucaristia.
Mas porque eu não conheço nada dele, não me considero com quaisquer direitos, muito menos o de lhe pedir que altere o curso da História para que eu fique curado. Mereço mais que os outros!?
Saúde e doença "tudo é graça"