divórcio ou casamento eterno?...

2010-06-20

As três grandes explorações humanas

Da segunda leitura da Liturgia de hoje fazem parte as bem conhecidas palavras: “Não há judeu nem grego, não há escravo nem homem livre, não há homem nem mulher” (Gal 3, 28). Estas palavras são possivelmente das mais revolucionárias que poderiam ser ditas, porque resumem as três principais violações dos direitos humanos e as grandes degradações da dignidade das pessoas e dos povos.

Não há judeu nem grego
Nenhum povo é superior a outro. Nenhum povo tem mais direitos ou deveres que outro.
É, portanto, a recusa da força bruta do mais forte porque tem mais armas ou mais ogivas nucleares. É a recusa da superioridade intelectual dos que acumulam Prémios Nobel como se fosse a ciência e a técnica que decidissem o avanço moral da humanidade. É a recusa da superioridade cultural de um povo só porque é “primitivo” e não segue os nossos valores e tradições ou os nossos não-valores.
É a obrigação que todos os países têm de respeitar os outros a partir dos seus valores e critérios. É a recusa do etnocentrismo, que coloca o meu país ou a minha cultura no centro e que obriga todos os outros a sujeitar-se a eles.
É a obrigação de que todos os países devem criar espaço para que os outros, todos os outros, grandes ou pequenos, possam dar o seu contributo para o desenvolvimento da humanidade.

Não há escravo nem homem livre
A escravatura sempre existiu e ainda existe. É das invenções históricas aquela que mais se torna incompreensível. Um homem transformado em animal, sem direitos, sem possibilidade de poder reclamar o que lhe pertence por natureza.
Todos os sistemas políticos e económicos assentaram e ainda muitos assentam nesta degradação suprema do ser humano. Foi uma luta intensa que durou milénios, mas que finalmente conseguiu a condenação formal na legislação. Nem sempre este reconhecimento é eficaz, mas significa que a consciência moral da humanidade assumiu como um degrau superado esta situação inqualificável.
De qualquer maneira, esta luta não está acabada. Exige atenção redobrada sobretudo das instâncias internacionais.

Não há homem nem mulher
Para quem é crente, encontra logo na primeira página da Bíblia, uma justificação teológica para esta afirmação: “Deus criou o ser humano à sua semelhança, criou-o à imagem de Deus; homem e mulher o criou” (Gn 1,28)
Se houve algumas sociedades matriarcais, rapidamente foram superadas pelas patriarcais. Ou pior ainda, pelas sociedades machistas quantas vezes apoiadas por motivações religiosas. Em nome de Deus, os homens-machos espezinharam as mulheres, serviram-se delas, consideraram-nas propriedade sua equiparando-as aos animais domésticos.
As formas e as justificações foram as mais variadas, mas, no fundo, todas iguais. Mais comentários para quê?

Porquê?
Falta apresentar a razão desta tripla recusa: “Todos vós sois um em Jesus Cristo”. Esta é uma razão que só obriga os crentes.
Mas, todos, crentes ou não, somos um, formamos uma só família, a humanidade.

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