divórcio ou casamento eterno?...

2006-09-18

CV (19) Homem pavloviano

A minha última estadia no hospital confrontou-me com uma situação delicada: não fui capaz de comer uma única refeição do hospital e sobrevivi graças às sopas que a minha mulher e outros bons samaritanos me levavam.
Aquilo era mesmo uma experiência de Pavlov sem cão. Ou melhor o cão era eu.
Chegava a hora da comida (tempo) e sentia o ouvido à espera de ouvir o carrinho tilintar no corredor; seguia-se, com a correspondente décalage, a chegada dos primeiros efúlvios da comida (cheiro), pelo que nem sequer era preciso utilizar a vista para que logo surgisse um pico de má disposição se não mesmo de vómitos. E isto duas vezes por dia.
Tal como mandam os livros: toca-se a campainha e o cão saliva!
Esta memória que tão simpática tem sido comigo ao longo dos anos e tão bons serviços me tem prestado, está agora a pagar a factura. É assim como se uma vez algum de nós fosse assaltado ao virar de uma esquina e depois sempre que chega a essa esquina está conscientemente à espera de encontrar assaltantes. E, apesar de não os encontrar uma, duas, três, ..., cem vezes, quando lá passa ainda aguarda com alguma angústia um novo assalto.

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