divórcio ou casamento eterno?...

2006-08-25

CV (17) Identidade

Num destes domingos que fui à missa à minha paróquia cruzei-me com várias pessoas conhecidas.
A primeira, que falava com uma amiga enquanto se dirigia para a porta, olhou de relance e continuou. Ainda tentei ir atrás dela, mas neste momento, como a minha preparação física está um pouco abaixo da do Obikwelu, não consegui apanhá-la.
Duas outras minhas amigas estavam a conversar no meio da Igreja, passei por elas, olharam-me mas não me reconheceram. Só quando lhe disse “Olá, estão boas?” se firmaram bem (como se dizia antigamente na minha terra), certamente para confirmar o que a minha voz inconfundível anunciava. E lá estivemos os três numa agradável conversa.
Só recordo estes episódios, pois ainda hoje quando me olho ao espelho não reconheço a minha cara como minha: sem cabelo, os “longos” cabelos que a minha mulher tanto queria que em cortasse; as barbas que mal arranham; uns óculos enormes que parecem maiores que a cara. E eu, que tanto gostava daqueles óculos, que os amigo(a)s mais próximo(a)s, preocupado(a)s com o meu visual, tanto pressionavam para mudar, sou forçado a reconhecer que me ficam mesmo mal!!! Aliás já fui tratar de arranjar outros e verifiquei que as fábricas que produziam tal modelo já faliram em meados dos anos noventa!
Depois há o meu próprio cheiro: este “cheiro a mim” já não é “a mim”; é a outra coisa ou pessoa que não eu. Ainda bem que o homo sapiens não marca o seu território pelo cheiro, se não seria marginalizado e não teria lugar no bando, pois as marcações estariam perfeitamente descaracterizadas.
E a propósito de cheiros, a minha hipersensibilidade fez-me saber que o cheiro da roupa lavada não é tão agradável como era antes, que o ar que respiramos cheira mal, que os fumadores crónicos afinal ainda cheiram a tabaco que tresandam. Salvou-se o meu velho desodorizante – Old Spice – que continua agradável.
Está em estudo saber se estas transformações são apenas físicas ou se o espiritual também está a ser afectado. Até ver ainda não dei por nada de especial. Mas, nestas coisas, é bom não esquecer a história do tipo nervoso que começou por roer as unhas e pouco a pouco se foi convertendo em canibal.

4 Comentários:

Anonymous Anónimo disse...

Com ou sem modificação de visual, como se vai sentindo agora? telefonar, decidi nao fazer pois receio imcomodar; quanto a vir ao blog, a minha nabice nem sempre me permite a comunicação-vamos ver como será hoje
Um abraço Julia

26/8/06 23:49

 
Anonymous Anónimo disse...

Caro amigo Zé Dias,
Eu quase me sinto envergonhado por não te poder visitar pessoalmente, embora acompanhe, tanto quanto possível, este teu "fado" que, certamente será, finalmente, em SOL MAIOR.
As tuas crónicas são o espelho de uma forma de estar convicta e de um compromisso e fé inabalável.
E após chegar de Hamburgo, 10 dias fora deste ambiente, logo voltei para sentir a presença dos amigos mais de perto.
As tuas crónicas certamente que irão ficar como um registo de alguém que encara as coisas pela positiva e da forma que poucos saberão ver, tal como se tratasse de uma verdadeira poesia.
Assim, certamente que tudo irá passar e as tuas barbas voltarão para acalentarem o teu agradável OLD SPICE...

27/8/06 19:13

 
Blogger Zé Dias disse...

Caroa Simões
Sei bem que onde estiveres também estás a acompanhar-me, como aliás tantos outros amigos, e saber isso ajuda-me muito para ir superando as várias etapas desta caminhada-
Por isso te mando um grande abraço de muita amizade, extensivo a tantos amigos que sei que estão comigo apesar de não o explicitarem.
Obrifao a todos.

27/8/06 22:54

 
Anonymous Anónimo disse...

Olá Zé!
Vim até aqui e desde 27 que não tens nada escrito. Estás num intervalo da crónica da vitória? tenho lido tudinho. Resolvi entrar nesta da identidade por razões pessoais. Hoje só quero dizer-te ...como te entendo! mas quem gosta de ti, com óculos ou sem eles, com barba ou sem barba, com cabelo ou sem cabelo... vai continuar a gostar. E eu gosto de ti.
Força magano! Há dias tramados. Há noites ( e só por serem noites ) mais tramadas ainda. Vou pensar em ti e, se isso ajudar alguma coisa, relativizar os pequenos males que todos nós temos. Com fé e compromisso, há dias em que apetece dizer...« puta de vida! ».
E quando tudo te cheirar mal, questiona primeiro: será que não cheira mesmo? se calhar o problema é de fora de ti!
um abraço forte. Teresa Sá

2/9/06 21:30

 

Enviar um comentário

<< Home