divórcio ou casamento eterno?...

2008-05-30

ESTA ARTE NOBRE E DIFÍCIL

Numa sondagem ontem conhecida (por mim!) sobre as suas principais preocupações, os israelitas fizeram o seguinte escalonamento: 1º) credibilidade da classe política; 2ª) segurança; 3ª) processo de paz; 4ª) desenvolvimento económico.
Certamente que estarão influenciados pelas notícias que têm colocado em cheque o seu primeiro ministro Olmert. Não sei se todos os outros países diriam, apesar de não terem problemas tão agudos de segurança e de paz como eles.
De qualquer modo, a credibilidade dos políticos, especialmente dos governantes, é hoje um problema que não pode ser tomada do modo ligeiro, na medida em que dele depende a credibilidade e sobretudo a aceitação de decisões e reformas políticas impopulares que, num contexto de forte crise, têm de ser tomadas.
Devo dizer que olho globalmente para os governantes com consideração: eles praticamente deixam de ter vida pessoal e familiar, ficam sem tempos livres, sacrificam projectos pessoais legítimos e tudo isto, com algumas excepções, para se dedicarem ao serviço público.
Estão ainda sujeitos à lei férrea e algo injusta do “em política o que parece é”, sobretudo quando parece existir uma “central de informações” sempre pronta a vasculhar, a maior parte das vezes de modo imoral, a sua vida privada, como se todos nós não tivéssemos no passado pecadilhos que nos condenariam publicamente.
Além disso, sobretudo hoje, com a interdependência e a globalização, a sua capacidade de decisão está muito condicionada por factores que muitas vezes não controlam e por vezes nem sequer conhecem na sua totalidade.
Por tudo isto, repito, aprecio sinceramente a esmagadora maioria dos governantes (já dos deputados e dirigentes partidários deixaria muitos de lado) e não alinho facilmente na campanha da sua demonização, embora não prescinda do meu espírito crítico relativamente às decisões tomadas, que não são necessariamente, pelo facto de eu discordar, sinal de desonestidade dos decisores.
Dito isto, é evidente que, dada a sua exposição pública e dadas as suas responsabilidades na mobilização da sociedade e na criação de dinâmicas de desenvolvimento e de construção de uma sociedade mais justa, deveria haver da parte dos potenciais candidatos uma análise séria das suas qualidades e das suas capacidades para ocuparem lugares cujo desempenho não acarreta apenas consequências pessoais, mas também sociais muito abrangentes e relevantes.
Agora o que é absolutamente inaceitável é que se trate de pessoas, sem o mínimo de qualidades humanas, facilmente abertos à corrupção, nas suas versões mais descaradas ou mais subtis, distribuidores de benesses pela cor partidária ou por nepotismo.
Infelizmente vivemos hoje, no país e no mundo, uma crise que tem muito a ver com uma crise de liderança. A era dos grandes líderes está a passar por um Inverno rigoroso e inclemente. E os que temos, não vão muito para lá da média dos cidadãos comuns, donde aliás são escolhidos. Mas aí a culpa é de todos nós.
Mas ao menos que os governantes, não tendo rasgos excepcionais, se comportem como pessoas honradas, como “viri boni” ou “clarissimi”, como diria Cícero, ou, para agradar a uma amiga minha, “homines boni”.
Isto será o mínimo que os cidadãos têm o direito de exigir.

1 Comentários:

Anonymous Anónimo disse...

Zé Dias:
Não tenho passado por aqui, mas vejo hoje, com satisfação, que ainda não te esqueceste de escrever e que o tens feito com abundância.
Bom sinal.
Um abraço do FF

31/5/08 21:13

 

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