divórcio ou casamento eterno?...

2008-05-24

Tempos de fome

A leitura do Público de ontem era um pouco deprimente, caso a nossa consciência não esteja já entorpecida: a pobreza em Portugal sobre a qual Bruto da Costa apresenta algumas novidades, a sair em livro no próximo mês, um relatório da Comissão Europeia indicando que um milhão de portugueses vive com menos de 10 euros por dia e 230 mil com menos de 5; a pobreza no mundo que vai disparar (“tsunani silencioso” lhe chama o responsável pela alimentação da ONU) por culpa de políticas mais ou menos erráticas de subsídios à agricultura sobretudo à europeia, pelo imoral comportamento dos especuladores, mas também muito por causa dos biocombustíveis…
Todos estes factores colocam problemas éticos porque estão em jogo a vida das pessoas, particularmente o último: é aceitável que para continuarmos a ir de carro tomar a bica ao café do fim da rua e porque a gasolina está cada vez mais cara, desviemos os cereais e afins, alimento básico da humanidade, mesmo nos países desenvolvidos, da boca dos famintos para os depósitos dos nossos carros?
Ao querer manter este nosso estilo de vida, estamos a condenar à morte milhões de irmãos nossos. Daí a actualidade daquelas palavras terríveis de s. João Crisóstomo (séc. IV): “Não dar aos pobres dos próprios bens é cometer com eles um roubo e acometer contra a sua vida”.

2 Comentários:

Anonymous Anónimo disse...

Li há algumas semanas no «Público» um artigo do Prof. Fiolhais em que ele afirmava que essa dos biocombustíveis nem sequer era energeticamente tão barata como se dizia e que, até desse ponto de vista, era uma má aposta. Não sei se estou a ser totalmente fiel ao que li, mas julgo que é mais ou menos isto.
Um abraço. C. G.

25/5/08 23:13

 
Blogger Zé Dias disse...

Independentemente desse aspecto económico - e é verdade que muitos factores são escondidos nestas guerras económicas das energias, mesmo das renováveis e muito pior da nuclear - a pergunta que me preocupa é qual o lugar da pessoa, das pessoas na tomada destas decisões. É que vivemos uma sociedade tão marcada pelo lucro e pela ganância que a pessoa humana está a desaparecer do horizonte das nossas preocupações, apesar de nunca como hoje se falar tanto(formalmente) da dignidade humana.

26/5/08 10:17

 

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