Leigos, animadores de comunidades
Há quinze dias a assembleia do clero da diocese de Coimbra propôs como uma das prioridades pastorais dos próximos anos a formação de leigos animadores das comunidades.
Esta restrição a leigos animadores de comunidades levanta-me algumas questões, de que refiro duas.
Primeira: E os outros leigos não merecem igual esforço pastoral? Não são os leigos primariamente chamados a dar testemunho de Jesus Cristo no meio do mundo: “por vocação própria compete aos leigos procurar o Reino de Deus, tratando das realidades e ordenando-as segundo Deus” (LG 31)? E que formação específica lhes tem sido dada para esta sua missão? Como pode evangelizar-se hoje se os leigos não forem eles os evangelizadores nos locais onde vivem e trabalham: “os leigos são especialmente chamados a tornarem a Igreja presente e activa naqueles locais e circunstâncias em que só por meio deles ela pode ser sal da terra” (LG 33)? Não é difícil verificar quais são os locais onde só por meio dos leigos a Igreja pode estar presente e activa.
Segunda: Qual a razão por que devem apenas formar-se leigos para a animar as comunidades? A resposta que logo salta à vista, o que não significa que seja a verdadeira, é que como os padres são cada vez menos, então vamos socorrer-nos dos leigos. Portanto, no fundo não seriam razões teológicas ou eclesiológicas, decorrentes da comum consagração baptismal, mas uma mera razão instrumental. O que é uma perspectiva bem pobrezinha de olhar os leigos e indicativa da importância que o clero lhes atribui.
1 Comentários:
Claro que os leigos com formação são muito incómodos para um clero rotineiro e, em certos casos, com uma preparação teológica e pastoral deficiente.
Tenho um amigo que disse publicamente uma vez, diante do bispo, que «a ignorância dos cristãos é muito grande; digo 'cristãos' e não digo 'leigos'...» Se quiser, posso apresentar-lho... Quando vejo a hieraquia a falar da preparação dos leigos, penso que é só da boca para fora; dá-lhes mais jeito que continuemos ignorantes. Mas o que nos move não é a hieraquia: é Jesus Cristo. De outro modo, já teríamos mandado tudo às urtigas.
Um abraço. C.G.
2/6/08 12:15
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