CV(8) O medo dos outros
Um dos primeiros cuidados que médicos e enfermeiros me recomendaram era a atenção que devia ter com a limpeza: cuidado com os alimentos crus, lavar sempre bem as mãos antes de comer, não me envolver onde houvesse grande concentração de pessoas, receber só pessoas que não estivessem constipados ou com outras maleitas.
Todo este quadro era depois cientificamente fundamentado: o tratamento ia atacar a medula, que deixaria (temporariamente, espero eu!) de produzir leucócitos, plaquetas e glóbulos vermelhos e, portanto, as minhas defesas imunológicas iriam ficar muito enfraquecidas.
Não sei como raio interiorizei este discurso que um dia destes deu comigo a limpar cuidadosamente com papel higiénico o botão de descarga do autoclismo e até o puxador da porta da casa de banho.
Quando tomei consciência deste gesto inconsciente fiquei passado (de passa!): será que cheguei ao ponto de recear os meus irmãos humanos? quero mesmo viver numa redoma?
E mais não digo...
3 Comentários:
Não vou fazer comentários específicos às tuas crónicas porque vamos pesssoalmente falando delas. No entanto, fico desconcertada com esta forma tão "simples" de ver e de falar das coisas. Num livro de Sophia de Mello Breyner há um poema que se intitula "Poeta" e diz assim:
O poeta é igual ao jardim das estátuas, ao perfume do Verão que se perde no vento. Veio sem que os outros nunca o vissem e as suas palavras devoraram o tempo".
26/7/06 17:45
Zé tou sem palavras.
Um abraço amigo e muita força nesta caminhada.
Armandito
26/7/06 20:43
seja perseverante nao desista
10/12/08 15:11
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