divórcio ou casamento eterno?...

2006-07-27

CV(9) O melhor amigo

Entrou discretamente. Cumprimentou-me: somos velhos conhecidos. Pergntou-me se queria comungar. "Claro!" respondi logo. Ela virou-se para os outros: "Alguém mais quer comungar?" Não foi a resposta dita ou intuída. "Mas já hoje distribui mais de 40 comunhões".
Comunguei, mas tive dificuldade em me concentar e interiorizar a visita do meu maior amigo, Jesus, do qual aliás ainda não falei aqui. Talvez um dia destes... Por isso, me senti algo frustrado. O que se passou? Terá sido o ambiente pouco propício a concentrações? Talvez, mas quem dera que fosse por outras razões. Gostaria que esta desconcentração resultasse do facto de o sentir sempre comigo e de conversarmos muitas vezes, mas também de o sentir em cada uma daquelas camas à minha volta.
Olhando o Evangelho rapidamente percebemos que o pobre é um lugar teológico, é uma das manifestações da presença real de Cristo entre nós. Lemos mas não acreditamos: Cristo está tão presente na hóstia consagrada como no pobre? Isto cheira a heresia para muitos. É inaceitável esta confusão entre Deus e os pobres que nós conhecemos. E, no entanto, já S. João Crisóstomo recordava: o que disse "Isto é o meu corpo" é o mesmo que disse "Tinha fome e deste-me de comer". Mas para acreditar verdadeiramente neste dogma revolucionário ainda não proclamado é preciso ser homem de fé. E nós somos pessoas de religião. Até somos muito religiosos: não falhamos a missa ao domingo, sabemos a doutrina de cor (de cor (coração), não; de memória), cumprimos os rituais prescritos. Somos homens religiosos. Muitas vezes até demasiado fundamentalistas. Mas será que temos fé em Jesus Cristo: acreditamos realmente na sua Pessoa e na sua Palavra?
Este é bem capaz de ser o grande drama de uma Igreja tão rica em regras, rubricas, proibições, mandamentos - muito religiosa - mas, às vezes, tão pobre com uma prática que ignora o comportamento de Jesus: misericórdia (como o bom samaritano), acolhimento (como o pai do filho pródigo), prioridade à pessoa (o sábado e a lei estão ao serviço da pessoa e não o contrário) - com pouca fé - pois está muito mais preocupada com a sua doutrina do que em testemunhar a força libertadora de Jesus Cristo.
E fartos de doutrinas estão as pessoas de hoje. O que querem são testemunhos fortes e libertadores, que uma Igreja (comunidade cristã) receosa (dos perigos deste mundo de hoje), soft (sem entusiasmo nem dedicação) e bonzai (perdida em questões secundárias) não está em condições de dar.

4 Comentários:

Anonymous Anónimo disse...

Depois de te ler, veio-me à ideia uma história, passada ainda eu estava em Abrantes, a propósito da postura e da integridade de um ainda grande amigo meu, assumidamente comunista antes e pós 25 de Abril, e sobre o qual conhecidos e amigos de outras ideologias bem distantes comentavam unanimemente: «se todos fossem como o Vítor também eu era comunista».
Face ao teu testemunho só me apetece comentar: «se todos fossem como o Zé, todos seríamos pessoas de fé».
Deixemos as teorias e demos o exemplo, pois é com exemplos de vida que o mundo se poderá tornar melhor (ou pior).
Entre o teu "O MELHOR AMIGO" e "FILHOS DE CAIM" há algo de comum: o exemplo. As conclusões estão à vista. No comments!!!

29/7/06 03:00

 
Anonymous Anónimo disse...

Subscrevo as suas palavras no que escreveu in "O melhor Amigo" a que infelizmente só agora tive acesso, e venho dizer que se é heresia afirmar que o outro é sacramento que me pode ajudar a salvar-me se eu o considerar outro Cristo e imagem de Deus e o venerar como tal, então eu também sou herético e aproveito para deixar aqui uma parte de uma oração que alguém reza e escreveu:
"... Faz, ó Jesus, que nenhum de nós viva a Eucaristia como um fim em si mesma mas como princípio da acção de graças que havemos de continuar a dar a Deus durante toda a semana, e como meio de graça, amor e força, para podermos celebrar a pessoa humana como sacramento no dia-a-dia da liturgia em que o sacerdote e a vítima é cada um de nós no altar da nossa vida, e que por virtude dela sejamos fiéis ao Teu Mandamento do amor a Deus e ao próximo e que em cada Comunhão Eucarística todos sintamos o desejo e a necessidade de comungar a Deus e ao homem, nosso irmão, amando-o e servindo-o em Teu nome em espírito de humildade e de pobreza para que possamos dizer conTigo e em Ti: "O Meu alimento é fazer a vontade de Meu Pai (Jo 4,l4)..."

21/10/06 20:15

 
Anonymous Anónimo disse...

Subscrevo as suas palavras no que escreveu in "O melhor Amigo" a que infelizmente só agora tive acesso, e venho dizer que se é heresia afirmar que o outro é sacramento que me pode ajudar a salvar-me se eu o considerar outro Cristo e imagem de Deus e o venerar como tal, então eu também sou herético e aproveito para deixar aqui uma parte de uma oração que alguém reza e escreveu:
"... Faz, ó Jesus, que nenhum de nós viva a Eucaristia como um fim em si mesma mas como princípio da acção de graças que havemos de continuar a dar a Deus durante toda a semana, e como meio de graça, amor e força, para podermos celebrar a pessoa humana como sacramento no dia-a-dia da liturgia em que o sacerdote e a vítima é cada um de nós no altar da nossa vida, e que por virtude dela sejamos fiéis ao Teu Mandamento do amor a Deus e ao próximo e que em cada Comunhão Eucarística todos sintamos o desejo e a necessidade de comungar a Deus e ao homem, nosso irmão, amando-o e servindo-o em Teu nome em espírito de humildade e de pobreza para que possamos dizer conTigo e em Ti: "O Meu alimento é fazer a vontade de Meu Pai (Jo 4,l4)..."

21/10/06 20:15

 
Anonymous Anónimo disse...

P.S. - Só depois de ter revisto o meu comentário ao "Meu melhor Amigo" do Dr. Zé Dias é que vi que na vez da palavra "herético" eu queria dizer "hereje". Peço desculpa pelo lapso. jose.ferraz@netcabo.pt

22/10/06 12:56

 

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