Renovação da Igreja
Na minha preocupação em que a Igreja portuguesa - bispos, padres, reigiosos e eligos - respondam ao desfaio da renovação profunda que a nossa Igreja precis atenho vindo a publicar alguns artigos no Correio de Coimbra. Porque várias pessoas insistiram comigo para reproduzisse o último que reproduzisse aqui os dois que publiquei pareceu-me que poderia ter alguma utilidade se eles fossem ocasião para abrirmos uma debate sério e criativo sobre esta assunto irrenunciável da Igreja portuguesa. por isso aqui deixo o primeior e logo a seguir o segundo. Vou deixar os dois por atacado, porque vou passar mais uma semana ao hospital e portanto durante uns dias, que podem variar entre 8 a 10 dias conforme a disposição, é bem possível que não venha aqui.
RENOVAÇÃO PROFUNDA DA IGREJA
Os nossos Bispos foram a Roma ver o Papa e dialogar com ele sobre a situação da Igreja em Portugal. Este diálogo parte dos relatórios que os Bispos enviaram previamente ao Vaticano.
O Papa, partindo da “confissão mais frequente nos lábios dos cristãos”, “a falta de participação na vida comunitária”, propõe, como “palavra de ordem”, construir novos caminhos de comunhão: “É preciso mudar o estilo de organização da comunidade eclesial portuguesa e a mentalidade dos seus membros para se ter uma Igreja ao ritmo do Concílio Vaticano II, na qual esteja bem estabelecida a função do clero e do laicado, tendo em conta que todos somos um, desde quando fomos baptizados e integrados na família dos filhos de Deus, e todos somos corresponsáveis pelo crescimento da Igreja”. Há aqui o desfio de várias conversões.
Mudar o estilo da organização da comunidade eclesial obriga a valorizar os espaços de diálogo conjunto clero, religiosos e leigos, exige do clero que reconheça que os leigos são companheiros de jornada e igualmente responsáveis pela edificação e missão da Igreja (cf. LG 37) e dos leigos que assumam a sua qualidade de membros de pleno direito da Igreja, sujeitos também eles da missão sacerdotal, profética e real (LG 31).
Mudar a mentalidade dos seus membros de modo a que clero e leigos assumam aquilo para que foram chamados. Bem sabemos que muitas vezes
Este é um desafio velho, que todos, Bispos e restantes cristãos, sabem que é preciso vencer. A novidade está no destaque que o Papa lhe quis dar. E, perante esta recomendação papal, espera-se que a Igreja portuguesa faça deste desafio uma prioridade.
Mas isto implica que o clero esteja preparado, interiormente preparado, para respeitar os leigos, respeitar a sua igual consagração baptismal e que os leigos se respeitem e se dêem ao respeito assumindo a sério e de modo coerente essa consagração baptismal. Conversões destas não se improvisam. Exigem o que o Papa explicita numa outra recomendação muito importante: “À vista da maré crescente de cristãos não praticantes nas vossas dioceses, talvez valha a pena verificar a eficácia dos actuais processos de iniciação, para ajudar cada vez mais o cristão a amadurecer com a acção educadora das nossas comunidades e a assumir na sua vida uma postura autenticamente eucarística, que o torne capaz de dar razão de sua própria esperança de modo adequado à nossa época”. Este desafio não é nada inferior ao anterior: verificar a eficácia da nossa catequese, pois ela não est(ar)á a ajudar os cristãos a dar razões da nossa esperança de modo adequado aos tempos actuais.
E aqui o ponto central é fazer perceber e interiorizar para pôr em prática que «no início do ser cristão, não há uma decisão ética ou uma grande ideia, mas o encontro com um acontecimento, com uma Pessoa [Jesus Cristo] que dá à vida um novo horizonte e, desta forma, o rumo decisivo» (DCE, 1). Ora esta verdade, que é fundamental e estruturante, é muito pouco proclamada nas nossas catequese, nas nossas homilias e nossos encontros e cursos de formação. Não perceber isto reduz o cristianismo a uma simples ética muito humanista e filantrópica, entremeada por actos de culto mais ou menos vividos.
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