divórcio ou casamento eterno?...

2008-06-27

História Comparada das Religiões

A nível interno, III Colóquio da Comissão de Liberdade Religiosa (CLR), fez também a proposta, com a qual todos pareceram concordar, de que seria muito útil e oportuno a criação, para combater a ignorância dos portugueses relativamente a este tema, de uma disciplina de História Comparada das Religiões na escola pública já, espero eu, no Liceu, com um estatuto equivalente às principais cadeiras. Penso que poderia até ser um bom substituto das aulas de Educação Moral e Religiosa Católica (EMRC), por várias razões, no caso de ser dada de maneira séria, isenta e sem preconceitos.
Por outro lado, as aulas de EMRC exigem mestres de elevadíssima qualidade que infelizmente abundam pouco entre nós: sem querer generalizar, há demasiada gente dogmática, pouco aberta às linguagens de hoje, com dificuldade em entender a malta nova, etc..
Por outro lado, a História de Religiões permitia um espaço para os católicos aprenderem o ecumenismo no sentido lato e não se ficarem por uma total ignorância dos muitos valores das outras religiões e por esse espírito apologético que às claras ou às ocultas ainda está presente em muitos católicos: "A Igreja católica nada rejeita do que nessas religiões existe de verdadeiro e santo. Olha com sincero respeito esses modos de agir e viver, esses preceitos e doutrinas que, embora se afastem em muitos pontos daqueles que ela própria segue e propõe, todavia, reflectem não raramente um raio da verdade que ilumina todos os homens" (NAe 2).
Além disso, remetia para as comunidades paroquiais uma maior exigência na sua obrigação primeira de catequizar, de educar para a Palavra de Deus, que, como escrevia recentemente Bento XVI, é “a palavra de vida que a Igreja deve oferecer num mundo fragmentado: nós actuamos como embaixadores de Cristo, como se o próprio Deus exortasse através de nós. Em nome de Cristo suplicamos: deixai-vos reconciliar com Deus”. E um pouco mais à frente: “A comunidade dos fiéis pode ser o fermento da reconciliação, mas só se permanecer dócil ao Espírito e der testemunho do Evangelho, só se levar a cruz como e com Jesus”.
E do ponto de vista da sociedade, evitavam-se acusações de privilégio, pois havendo uma lei que já aborda esta questão, continuamos a manter uma Concordata, que, para muitos, mesmo católicos, não passa de um tratado entre Estados para regular poderes e regalias. E a Igreja é primeiro que tudo uma comunidade de crentes chamada a testemunhar os valores do Reino e não a partilhar poderes. Já lá diz o documento do Sínodo dos Bispos de 1971: “A conservação de algumas condições de privilégio têm de ser constantemente submetida ao critério de não tornar ambíguo o testemunho evangélico que a Igreja é obrigada a dar” (JM 48).

0 Comentários:

Enviar um comentário

<< Home