divórcio ou casamento eterno?...

2008-06-25

Papel fundamental das religiões

No III Colóquio da Comissão de Liberdade Religiosa, a decorrer em Lisboa, houve algumas afirmações interessantes.
Uma das que me chamou a atenção, pelo que traz de confirmação do que eupensava, foi a de Sócrates: “Acredito profundamente no contributo das religiões para a paz" (não me referia a esta parte), um valor que "tão esquecido tem andado na política internacional". E bom seria que as religiões fossem reconhecidas como um dos principais parceiros na construção da paz. Bem sei que há por aí muito a ideia que as religiões são mais foco de guerras que construtoras da paz. Há exemplos demasiado abundantes. Mas não confundamos os que se servem das religiões (tomadas à sua maneira) para fazerem as guerras com as religiões. Pois, como dizia D. José Policarpo, o "processo complexo" de construção da paz tem exigências éticas, políticas, económicas e religiosas e o contributo das religiões para a paz depende da "fidelidade dos crentes" aos princípios em que acreditam. Mas a "simples liberdade de consciência tem um longo caminho a percorrer".
Neste sentido podem ser interessantes a ideia já repetida de René Samuel Sirat, vice-presidente dos Rabinos Europeus, da criação de um "G8" que congregue líderes religiosos, para promover a compreensão entre os povos, e sobretudo a proposta de Vassilios Tsirmpas, evangélico grego, que acentuou "a necessidade de pedir perdão pela arrogância que continua a marcar várias tradições religiosas."
Há quinze anos, o Conselho do Parlamento das Religiões do Mundo elaborou e difundiu uma Declaração sobre uma ética mundial, que partia do princípio de que “não é possível uma nova ordem mundial sem um ética mundial”, porque não haverá paz entre as nações sem a paz entre as religiões; não haverá paz entre as religiões sem haver diálogo inter-religioso; não haverá diálogo eficaz entre as religiões sem posições éticas comuns para o globo; não haverá sobrevivência do globo sem uma ética global. E aqui convirá não cair numa concepção de diálogo redutora ou então utilizar a expressão de Mário Soares que acredita "nas virtudes do diálogo inter-religioso e entre crentes e não crentes".
Ninguém como os líderes religiosos, quando se fundamentam na verdade das suas Escrituras ou das Revelações divinas, poderão ser os melhoes instrumentos ao serviço da construção da Paz. Citando S. Paulo a propósito de Jesus Cristo: "Com efeito, Ele é a nossa paz, Ele que dos dois povos fez um só e destruiu o muro da separação, a inimizade" (Ef 2,14).

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