divórcio ou casamento eterno?...

2008-06-13

Gente reles

Na sequência da falta de combustíveis, foi instrutiva a reacção de várias pessoas. Em entrevistas televisivas, feitas em bichas nas gasolineiras, a resposta de muitos era: “Vinha só atestar. Ainda tenho gasolina, mas…”. No fim da bicha lá surgiu uma pessoa a queixar-se: “Eu preciso de combustível para trabalhar, agora não sei como vou fazer”.
Isso é quem não tinha necessidade imediata de encher o carro nem sequer precisava do carro para assegurar o seu trabalho apressou-se a açambarcar com receios futuros sem sequer pensar que aquele seu supérfluo podia ser o necessário para alguém. Nalguns supermercados parece ter acontecido algo semelhante.
No momento em que a crise apenas começava a desenhar-se, aí surge a nossa irracionalidade e o nosso egoísmo. Deixamo-nos conduzir pelas camadas mais agressivas do nosso cérebro (“o cérebro de réptil”, que é responsável pela territorialidade, pelo medo, pelo pânico): “salve-se quem puder” passa a ser a lei.
Somos realmente gente reles. O que não admira, pois se nós quando vivíamos na abundância pouco nos incomodamos com os outros... o que seria de esperar em tempos de dificuldade!?
Uma sociedade assim terá sempre muita dificuldade em se tornar uma comunidade justa e humana. As sociedades não podem ser apenas instituições jurídicas onde a lei garanta os direitos humanos, muitas vezes de forma formal. Para ser verdadeiramente humana, a sociedade terá de ser uma comunidade também moral onde, para lá da lei, funcione a solidariedade, a justiça social, a garantia do mínimo de subsistência digna para todos.
Mas isso exige que cada um não olhe apenas para o seu umbigo nem se deixe conduzir pelas camadas mais animalescas do seu cérebro.

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