LHC – Uma homenagem ao engenho humano
Uma outra notícia das férias foi o começo dos ensaios finais no grande acelerador de partículas LHC (Large Hadron Collider) na fronteira entre a França e a Suíça.
Os números são realmente impressionantes a começar pelos 3 mil milhões de euros de custo. Construído a cerca de 100 metros de profundidade consta de dois anéis concêntricos com 27 km de circunferência, nos quais os 2 800 conjuntos de 100 mil milhões de protões irão ser acelerados de modo a darem 11 mil voltas por segundo.
Para isso vão ser acelerados em quatro pontos, onde existem cerca de 9 mil imanes supercondutores que geram um campo magnético 170 mil vezes maior que o da Terra. Estes imanes libertam tanto calor que têm de ser arrefecidos a -271,3º C para evitar que se queimem ou que percam as suas características. Para fabricar os cabos destes imanes foram gastas 12 mil toneladas de nióbio titânio.
Quando os protões atingirem a sua aceleração máxima, a uma velocidade próxima da luz, haverá um choque frontal entre eles dando origem a muitos milhões de colisões. Como grande parte dessas colisões não terão interesse especial para o objectivo de detectar o tal bosão de Higgs, existe um batalhão de computadores para fazer uma triagem de modo a escolher apenas 100, que serão depois cuidadosamente analisados pelos cientistas. Esta operação, que exige o cálculo da energia e da natureza dos milhões de partículas produzidas, não pode demorar mais de 40 milisegundos.
No caso da experiência Alice, que vai tentar reproduzir a situação do Universo nos primeiros instantes, serão usados núcleos de chumbo e o seu detector tem capacidade para 3 mil gigabits de registos.
Durou 30 anos a sua concepção e construção de modo a poder realizar quatro experiências diferentes. A apoiá-las estarão cerca de 6 mil cientistas dos mais diversos locais do mundo, incluindo 1 500 americanos.
Estes números ajudam-nos a perceber por que razão o homem se sente um super-homem e pensa que não precisa de Deus para nada. Mas quem faz isto é apenas um minoria, a elite no nosso saber e do nosso engenho.
Ao lado deles vivem muitos milhões de outras pessoas: umas estão só preocupados com os seus problemas mesquinhos, outros deixam-se empurrar pela vida, a maioria não quer saber dos outros, muitas passam miséria e morrem de fome, outros dedicam-se a actividades imorais e incívicas. Mas todos são pessoas e tem uma dignidade ontológica que não podem destruir; apenas abafar ou desenvolver.
Que pena que esta nossa enorme capacidade, de que o LHC é apenas um exemplo, não esteja toda ela ao serviço de uma humanidade mais justa, mais solidária e mais humana!
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