A Palavra de Deus
Vivemos num mundo onde a palavra deixou de ser o que era: já não é garantia de compromissos e muitas vezes esconde segundas intenções. Desvalorizou-se e perdeu eficácia.
É assim com muitas palavras das pessoas de hoje.
Mas a Palavra de Deus é diferente. Deus criou o mundo pela palavra. Deus manifestou-se não só mas também pela palavra, iniciando um diálogo fecundo com a humanidade e com a história. Tal como Deus tomou a iniciativa de dialogar com a humanidade, também a Igreja deve, como dizia Paulo VI, “entrar em diálogo com o mundo em que vive. A Igreja faz-se palavra, faz-se mensagem, faz-se colóquio” (ES 65).
É neste sentido que vão as palavras de Bento XVI na homilia de abertura do Sínodo:
“Quando Deus fala, sempre exige uma resposta; sua acção de salvação exige a cooperação humana; o seu amor espera ser correspondido. Que não suceda nunca, queridos irmãos e irmãs, o que narra o texto bíblico sobre a vinha: “E contava com uma colheita de uvas, mas ela só produziu agraços” (Is 5, 2). Só a Palavra de Deus pode mudar profundamente o coração do homem, por isso é importante que entremos em uma intimidade cada vez maior com ela, tanto cada um dos crentes como as comunidades. A assembleia sinodal dirigirá sua atenção a esta verdade fundamental para a vida e a missão da Igreja. Alimentar-se da Palavra de Deus é para ela sua primeira e fundamental tarefa. De facto, se o anúncio do Evangelho constitui a sua razão de ser e a sua missão, é indispensável que a Igreja conheça e viva o que anuncia, para que a sua pregação seja credível, apesar das fraquezas e pobrezas dos homens que a formam. Sabemos, além disso, que o anúncio da Palavra, seguindo a Cristo, tem como conteúdo o Reino de Deus (cf. Mc 1, 14-15), mas o Reino de Deus é a própria pessoa de Jesus, que com as suas palavras e obras oferece a salvação aos homens de todas as épocas…
Neste Ano Paulino ouviremos ressoar com particular urgência o grito do apóstolo dos povos: “Ai de mim, se não anunciar o Evangelho!” (1Cor 9, 16): grito que para cada cristão se converte num convite insistente para se colocar ao serviço de Cristo. “A messe é grande” (Mt 9, 37) repete também hoje o Mestre divino: muitos ainda não o encontraram e estão à espera do primeiro anúncio do seu Evangelho; outros, apesar de terem recebido uma formação cristã, perderam o entusiasmo e só mantêm um contacto superficial com a Palavra de Deus; outros afastaram-se da prática da fé e têm necessidade de uma nova evangelização. Não faltam, também, pessoas de recta consciência que se propõem perguntas essenciais sobre o sentido da vida e da morte, perguntas às quais só Cristo pode oferecer respostas convincentes. Torna-se então indispensável que os cristãos estejam dispostos a responder a quem peça razão da esperança que os habita (cf 1Ped 3, 15), anunciando com alegria a Palavra de Deus e vivendo comprometidamente o Evangelho”.
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