divórcio ou casamento eterno?...

2008-10-27

os futuristas

Em tempos de Orçamento, os números vêm ao de cima e cada um dá os seus: tantos pontos para a inflação, o crescimento económico, a taxa de desemprego. Tudo gente sabida, que estuda todas as equações da macroeconomia.
Mas... ler o futuro não passa por essas equações nem pelas palmas das mãos.
Servindo-me de um artigo do Le Monde diplomatique vou aqui deixar algumas citações "proféticas" do "arquitecto do crescimento exponencial do imobiliário e um dos seus mais fervorosos apoiantes na inovação financeira", o célebre Alain Greeespan, que esteve quase 20 anos à frente do FED (Reserva federal norte-americana) e cujas palavras eram bebidas como sagrads.
Era com certeza um dos homens mais informado do mundo. Por isso é interessante ver o que foi dizendo ao longo dos tempos:
- "Um quebra severa do mercado imobiliário seria pouco provável nos Estados Unidos devido à sua dimensão e à sua diversidade" (2004);
- "Se os preços da habitação vierem a baixar, isso não terá consequências macroeconómicas importantes" (2005);
- *Os instrumentos financeiros cada vez mais complexos contribuíram para o desenvolvimernto de um sistema mais flexível, eficaz e sólido do que o existente há um quarto de século" (2005);
- "O pior da baixa do mercado imobiliário já passou sem dúvida" (2006, na véspera do rebentamento da bolha imobiliária).
Deixar o mercado à solta sem regras nem transparência só podia levar a isto num mundo sem valores de honestidade, transparência, solidariedade, sentido do bem comum, respeito pela dignidade das pesoas.
Ningué sabe o futuro, mas ele depende muito do modo como formos regulando as nossas vidas e as vidas das comunidades e das nações e sobretudo os seus instrumentos. As tendências históricas, que não podem objectivamente ser atribuídas a A ou B, podem ser contrariadas ou pelo menos realinhadas por regras justas e humanas e sobretudo por comportamentos e estilos de vida mais solidários.
E isto não tem existido. O dinheiro contrala-nos e droga-nos de tal modo que não vemos mais nada à nossa frente.
Pode ser que a actual crise, que desmascarou, para quem quiser ver este embuste do deus dinheiro, nos faça ao menos pensar um pouco. Será que vamos levar isto em conta no nosso comportamento próximo futuro?

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