divórcio ou casamento eterno?...

2008-10-30

Um papa espirituoso

João XXIII era uma pessoa sempre bem disposta, com a aparência de “um pároco de aldeia” na sua simplicidade, bonomia e não perdia oportunidade de dizer um dito chistoso.
Alguém sustentava uma tese interessante: se queremos a paz para o mundo, a melhor solução é engordar todas as pessoas. Os gordos são geralmente bem dispostos e dados à paz e ao convívio fraterno.
Como se sabe, João XXIII era muito forte. À custa disso aconteceram vários episódios hilariantes.
Quando fez a sua primeira aparição na varanda de S. Pedro, alguém gritou do meio da multidão: “Un grosso!”, isto é, temos um "Papa gordo”. Alguém, que certamente imaginava o Papa com o aspecto austero e esguio como Pio XII, não terá resistido a esta exclamação pouco canónica.
Já antes ele fizera o seu primeiro comentário delicioso. Como não se sabe qual será o cardeal eleito, é costume preparar três batinas brancas com dimensões adaptáveis aos magros, aos medianos e aos mais fortes.
João XXIII, depois de lhe terem vestido a mais folgada, quis levantar os braços para dar a sua primeira bênção mas viu-se em sérias dificuldades. Então comentou para os que o acompanhavam: “Começo a sentir as dificuldades e os embaraços do Pontificado!”.
Dado esta sua carcaterística física, entendeu que devia pagar o dobro aos sediarii, aqueles que transportavam a cadeira gestatória (sedia gestatoria) onde o papa se deslocava em público (uma espécie de antecessor do “papamóvel”).
Conta-se que numa das audiências, três velhinhas quando lhe foram pedir a bênção, disseram-lhe que todos os dias pediam a Deus que o conservasse até aos cem anos. O papa, com o seu sorriso “maroto” prontamente lhes respondeu: “Mas por que hão-de estar a pôr limites à bondade de Nosso Senhor!”.
A sua simplicidade era inata, como se pode ver por estas suas palavras: “Nunca direi uma palavra nem darei um passo e afastarei como tentação qualquer pensamento que, de algum modo, esteja dirigido a que me sejam confiados postos ou cargos de maior distinção” (Diário, 28.Abr.1918),
O seu optimismo era tão eveidente que foi objecto da crítica por parte de alguns dignitários da Igreja. A esses deixou esta resposta: “Diz-se que o Papa é demasiado optimista, que vê apenas o lado bom das coisas, que dá relevo unicamente à parte melhor. Certamente que assim é. E é uma atitude que ele considera providencial e que o aproxima da forma de actuar do Senhor Jesus, que difundiu à sua volta de modo admirável os ensinamentos positivos e construtivos, portadores de alegria e de paz” (Alocução de 23.Mar.1963, em S. Basílio (Roma), na qual fez o anúncio da PT).

Mas não era só nestes pormenores que ele se revelou um Papa que queria apenas ser considerado como humano e não como alguém que muitos quase divinizavam.

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