Diáconos servidores
O passado dia 10 foi o dia litúrgico dedicado a São Lourenço, diácono e mártir e patrono dos diáconos. Bento XVI destacou, em 2008, que “a sua vida foi dedicada aos pobres, e deu generoso serviço à Igreja de Roma, especialmente no cuidado dos pobres e da caridade!” e lembrou que, perante a pressão do imperador que queria para si os imaginados bens da Igreja, lhe respondeu: “a riqueza da Igreja são os pobres.”
Pelo pouco que conheço, não se sabe como são escolhidos os diáconos (as comunidades não são ouvidas nem os Conselhos Pastorais consultadas) e parecem quase exclusivamente destinados ao serviço litúrgico.
Admito que o Concílio não definiu claramente as suas funções e valorizou excessivamente as litúrgicas: “É próprio do diácono, segundo for cometido pela competente autoridade, administrar solenemente o Baptismo, guardar e distribuir a Eucaristia, assistir e abençoar o Matrimónio em nome da Igreja, levar o viático aos moribundos, ler aos fiéis a Sagrada Escritura, instruir e exortar o povo, presidir ao culto e à oração dos fiéis, administrar os sacramentais, dirigir os ritos do funeral e da sepultura” (LG 9). Como se vê um sub-padre!!! Depois, continua com uma afirmação genérica: “Consagrados aos ofícios da caridade e da administração, lembrem-se os diáconos da recomendação de S. Policarpo: «misericordiosos, diligentes, caminhando na verdade do Senhor, que se fez servo de todos»”.
Mas tanto a sua criação (Act 6,3: “É melhor procurardes entre vós, sete homens de boa reputação, cheios de Espírito Santo e de sabedoria, e confiar-lhes-emos essa tarefa (a de cuidar das “viúvas esquecidas”)) e a história apontam muito mais para o serviço aos mais pobres. Mas agora, com a falta de padres, lá vão muitos para os substituir em vez de serem fiéis à sua missão e vocação originária.
Por isso, gostaria de recordar recentes palavras de D. Orani João Tempesta, arcebispo do Rio de Janeiro:
- O diácono é uma vocação ministerial para o serviço: ele deve ser fonte do ministério do amor e da justiça e um sinal da caridade e do serviço da Igreja que ama os pobres e vive para servir aos homens e as mulheres de boa vontade. O diácono é um servo que traça o caminho do amor e da afeição em relação ao dom maior da caridade.
- E dentro da perspectiva do serviço, destaco o da caridade, o serviço junto aos pobres, à situação de pobreza. A Igreja espera dos diáconos uma resposta às necessidades dos menos favorecidos de nossa sociedade.
- Cita da carta do cardeal Hume, da Congregação do Clero, a função que lhes é assinalada: “os diáconos são identificados, sobretudo, com a caridade. Os pobres são o seu ambiente quotidiano e o foco de sua actividade sem descanso. Não se compreenderia um Diácono que não se envolvesse na caridade e na solidariedade para com os pobres, que hoje de novo se multiplicam.”
- É um ministério do limite, por causa da atenção e do cuidado com aqueles que estão na situação de miséria e de pobreza, os preferidos de Jesus, e que precisam de nossa atenção social e também espiritual.
- Descreve que, em muitas dioceses, seja no Brasil ou no exterior, os diáconos servem, principalmente, a mulheres vítimas de violência, a crianças maltratadas, doentes mentais, tóxico-dependentes, pessoas portadoras de HIV, sem tecto, prisioneiros, refugiados, migrantes, populações de rua, desempregados e vítimas de discriminação racial ou étnica. Mas também estão atentos à pobreza de ordem espiritual: pessoas em extrema carência de atenção, que se encontram na solidão, na raiva, no ódio, na confusão espiritual, na depressão, e no sofrimento. Muitos empenham-se no ministério da escuta e do aconselhamento desses nossos irmãos, dando-lhes dar ânimo e esperança de vida.
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