divórcio ou casamento eterno?...

2013-11-03

Post inacabado: Duas questões vivenciais



Quando acabei o meu curso universitário, confrontei-me com duas questões.  


Primeira.

Se, como acreditava, Deus é o Senhor da história e quer precisar de nós para a fazer avançar, significa isso que Deus tem um projecto para cada um? A minha resposta era sim, baseando-me a parábola dos talentos e no facto de cada um de nós ser único e irrepetível. Esta resposta levava a outra questão: como podia eu saber qual era? Através de uma atitude de escuta e de busca, procurando fazer uma leitura dos sinais dos tempos: o que via à minha volta? Para onde me levava a minha sensibilidade? Mas tudo isto implicava um coração livre, suficientemente aberto à palavra de Deus e aos acontecimentos para poder aceitar o projecto de Deus para mim e pôr de lado outros projectos meus tão legítimos mas que não eram para já o mais importante. Não era, nem é fácil: a disponibilidade de coração implica um espírito de pobreza, uma nudez espiritual que me deixa livre para aceitar a vontade de Deus, para dar aquele fiat (faça-se) de Maria, de Saulo/Paulo e de tantos outros; a capacidade de escuta obriga a uma atenção redobrada à realidade concreta e a uma avaliação dos vários sinais e gestos alguns tão imperceptíveis que com facilidade se ignoram.

Esta é uma questão vital para poder viver o meu ser homem e ser cristão. E é uma questão nunca totalmente resolvida e continuamente posta em debate. Não basta ter obtido uma resposta, mas é preciso pôr-se em causa a cada momento. Cada opção de vida depende desse ou desses projectos. tem sido, por isso, uma das minhas maiores dificuldades.

 
Segunda.

A segunda questão tinha a ver com o ser cristão, com o viver cristão. Ser cristão é o mesmo que ser (um bom) cidadão? Ou acrescenta-lhe alguma coisa?

Das leituras que fazia e dos comentários que ouvia, parecia concluir-se que na prática o resultado era o mesmo; a fundamentação é que era diferente. Mas eu não ficava satisfeito com tal conclusão. Até porque no Sermão da montanha havia duas citações que me surpreendiam: “Porque se saudais somente os vossos irmãos, que fazeis de extraordinário? Não o fazem também os pagãos?” (Mt 5,47) e “Não vos preocupeis dizendo: ‘Que comeremos, que beberemos ou que vestiremos?’ Os pagãos, esses sim, afadigam-se com tais coisas” (Mt 6,31-32). Como quem diz: isso, actuar esse nível até os pagãos; dos cristãos, espera-se mais alguma coisa. Há uma diferença qualitativa. Mas qual. 

Entretanto aconteceu um episódio interessante. Tinha ido de carro dar um passeio, quando parei numa praça onde poderia estacionar o veículo. Esperei alguns minutos e lá apareceu um lugarzinho. Avancei. E preparava-me para estacionar quando me apareceu um senhor que em disse: “Olhe eu já estou aqui há mais tempo para estacionar, portanto este lugar é meu.” E continuou: “Mas, porque sou comunista espero mais um bocado e deixo-lhe este lugar pele e alto ara si.” Olhei para ele de alto a baixo e lá estacionei não encontrando outras palavras que não fosse o velho obrigado. Um dos colegas comentou: “Já viram a lata. Sou comunista dispenso o meu lugar”. Retorqui-lhe: “Quantas vezes disseste Sou católico, portanto vou prescindir disto ou daquilo”. Fiquei a meditar com os meus botões.

Fiquei mais atento ao Sermão da Montanha. E lá encontrei uma passagem  que passo a citar: “, (...)



Este texto não foi publicado pelo Zé Dias mas encontrava-se no computador dele ainda em forma de rascunho, na altura da sua morte. No entanto, como estava praticamente completo decidimos publicá-lo. Ficou a faltar a citação final e provavelmente a sua conclusão.

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