Educação
Chegou a vez da Educação ser também mais falada.
Já há tempos que se vem insistindo que a formação (embora subjacente esteja muito mais, parece-me, uma formação em conhecimentos técnicos e científicos, esquecendo que sem outros saberes aqueles pouco desenvolvimento autêntico poderão trazer...), que uma pessoa instrtuída é mais capaz de se "orientar" na vida; que um povo instruído é mais capaz de ser construtor da (sua) história e do (seu) futuro. Esta verdade, aparentemente elementar, não está tão suficientemente enraizada para que a sua concretização se torne um "desígnio nacional", isto é, dos governos, das escolas, dos professores, dos pais e dos próprios alunos. Exige-se uma mudança de mentalidade geral, que crie um ambiente tal que "preparar-se para a vida" se torne um hábito de tal modo "rotineiro", que não precise de ser continuamente recordado aos governos, às escolas, aos professores, aos pais e aos alunos, mas se torne tão natural como comer ou respirar. A falta desta consciência colectiva é bem capaz de ser a causa de muito do mal que existe na Educação em Portugal.
Há dias, lemos aquela recomendação do (ex-)primeiro ministro irlndês "Não cortem na educação". No entanto, nós somos um dos países que "investe"mais dinheiro per capita na Educação... mas os resultados são os que todos conhecemos. É evidente que o problema não está no dinheiro. Parte estará no modo como é aplicado. Mas outra parte está no espírito com que encaramos , todos nós, o ministério (isto é, o serviço à comunidade), o exercício cívico da Educação.
Ontem lemos e ouvimos as palavras da Ministra. Delas destacaria três linhas de reflexão.
A primeira, mais epifenoménica, refere-se a situação mais ou menos conhecidas. Certamente que é muito arriscado generalizar num universo que envolve muitas dezenas de milhares de pessoas e instituições, mas quase todos nós conhecemos aqueles truques de colocar filhos de alguns professores e funcionários nos melhores horários e nos melhores professores, a constituição de turmas só com os melhores alunos ou só com os piores; a distribuição dessas turmas pelos professores.
Depois vem a preocupação, de demasiados directivos e professores, quase exclusiva do cumprimento burocrático-administrativo, em que o que conta é a letra da lei, não o seu espírito, transformando muitas boas propostas e intenções em oportunidades para responder a interesses egoístas e corportivistas. Então, como diz a Ministra, "tudo se cumpre , burocrática e administrativamente, de forma perfeita" e vem a inspecção que logo "confirmará a conformidade com as normativas legais". O legalismo sempre matou a vida e a qualidade de vida!
Mas, pior que tudo, é a falta de orientação de (muitas) escolas e de (demasiados) professores para o bem do aluno. E o aluno de hoje não é o aluno de há uma geração atrás nem sequer o de meia geração atrás. Isto é, estar atento ao aluno não quer, para mim, dizer que se lhe deva facilitar demagogicamente a vida. Um dos nossos dramas de hoje é que ou facilitamos demasiado a vida aos nossos filhos e aos nossos alunos ou então caímos no oposto, no excesso de lhes dificultar a vida com coisas, amaior parte das vezes absolutamente secundárias (e basta olhar para alguns programas escolares ou para aquela ideia idiota do alargamento das aulas para 90 minutos, só para dar dois tipos diferentes de exemplos), pois a separação entre ambas as situações neste contexto actual é muito estreita e fácil de transpor.
Mas, o mais grave para mim, tem a ver com a falta de prioridade que damos aos nossos jovens na gestão das nossas vidas (de pais e de professores), na definição de adaptadas políticas e na mobilização da consciência nacional para a gravidade e as repercussões futuras de qualquer falha neste campo.
2 Comentários:
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12/8/06 02:41
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25/4/07 18:40
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