O que demos às crianças
Certamente que as crainças não são uns santos tal como não se poderá generalizar o "não há rapazes maus", mas as crianças de hoje, para lá de outras especificidades típicas, depara(ra)m-se com um mundo que não construiram e que os influencia de modo significativo.
Para exemplificar, refiro três aspectos e suas potenciais consequências. Reconheço que há exageros, mas ignorar estes aspectos só irá dificultar o diálogo intergeneracional.
O facto de não lhe garantirmos um futuro - vão para a universidade? encontram emprego? arranjarão casa? - leva-os a viverem a vida de um modo presentista e imediatista: o que conta é o presente e mais nada. Vivem num tempo unidimensional: o passado, já apssou e nem sequer lhes interessam as marcas que deixou; o futuro não existe; logo resta o presente que deve ser vivido em cada momento, como que de melhor dele se poder sacar e com o máximo de intensidade.
Vivemos num mundo onde tudo é permitido, onde ninguém estranha nada, onde cada um faz o que quer. Neste contexto torna-se complicado desenvolver na criança uma correcta consciência ética ou moral: se os adultos fazem tudo, se as televisões mostram as mais incríveis enormidades cívicas, que lição retiram daí? E cá andam os muitos "pobres" pais e também professores a tentar educá-los numa escala de valores, que a catequese pública rapidamente desmonta.
Vivemos num mundo onde a cultura da irresponsabilidade alastra por todo o lado como os jacintos de água, a começar por muitas figuras públicas. Depois são as pequenas irresponsabilidadezinhas que cometemos em casa, na escola e noutros locais que elas frequentam. Perante estes exemplos exemplares, parece-me que o que é mais de admirar é que ainda haja crianças e jovens que consigam resistir aos nossos maus exemplos e se comportem de modo responsável e cívico.
2 Comentários:
Queria divulgar o nosso blog
Sinfonia Opus Zero
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Um abraço
Fátima Filipe
12/6/06 16:16
Zé:
Olhando assim as coisas, e parece que é mesmo isto que se passa, o futuro apresenta-se negro para todos.
Mas a capacidade regeneradora do homem pode inverter o processo.
Um abraço amigo
M. V. P.
22/6/06 16:33
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