divórcio ou casamento eterno?...

2007-01-25

CV (31) Balanço

Depois de 7 meses e quatro ciclos de tratamento, vou fazer um TCA para avaliar o caminho percorrido e definir o futuro imediato.
É, pois, boa altura para fazer um pequeno balanço deste tempo novo para mim.
Das minhas limitações psicológicas, as crónicas foram dando conta, bem como das fraquezas fisiológicas.
Mas há também a fraqueza física, de que ainda não me habituei de todo. Por isso é normal, quando me "sinto bem", movimentar-me como se nada tivesse acontecido. Assim, mal multiplico a minha actividade, logo recupero e agudizo maleitas antigas sobretudo a nível das costas e dos músculos. E já por três vezes tive que ficar quase imobilizado com dores musculares. Hoje ainda estou a recuperar do último episódio.

Mas há um outro sintoma que me preocupa bem mais: a minha irratibilidade crescente. Não é nada com que eu não estivesse a contar, mas, apesar de ir estando atento, de vez em quando a hipersensibilidade não se esgota nos cheiros, mas estende-se ao comportamento dos meus concidadãos. É possível que haja aqui um efeito da velhice. Passamos a vida a acreditar que é possível construir um mundo melhor e a tentar reconhecer que nem todos estão interessados nessa tarefa comum. Mas, talvez, cá mais para a recta final, é bem possível que a paciência e a condescendência se vão reduzindo numa relação inversamente proporcional ao número de anos.
De qualquer modo, parece-me que o que sinto indica que há mais factores a intervir.
Só um exemplo. A minha atitude perante a decisão de uma prisão de 6 anos para o sargento Gomes, que, pelo que fui lendo, não entrega a criança para que não lha tirem para a dar a quem pouco ou nunca lhe terá ligado, foi imprópria de uma pessoa "bem criada", pelo que não a posso reproduzir aqui.
Dizem que este é uma tema que exige bom senso. Mas não andaremos nós a polvilhar de bom senso assuntos que mereciam soluções não de consenso mas de respeito pela dignidade da pessoa? Estou farto de ler relatos que o Gaiato traz bem como algumas notícias, onde as crianças mais carenciadas são tratadas com todo o "bom senso", mas em que o ditador absoluto é o pai /mãe biológico. Basta-nos a biologia. O amor, o carinho, afecto, que não cabem no quadro da lei, parecem também não se dar bem com os ares dos tribunais. E, por isso, de vez em quando, aí temos a entrega obrigatória ao pai biológico e à avó, que, passado o tempo conveniente, acaba com a morte violenta da criança. A criança em dificuldades é terceiromundisticamente tratada em Portugal. E devemos ficar calados. Não teremos o direito de nos irritar?
Como este comentário já vai longo, vou deixar a resposta para o próximo.

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