divórcio ou casamento eterno?...

2007-03-08

Dia da Mulher

O dia da mulher é, digo eu, totalmente diferente dos outros, porque parece que os festejos, as reivindicações, as manifestações abundantes neste dia trazem uma satisfação do dever cumprido quase passando despercebido este tema no resto do ano.
Os outros "dias", exceptuando o dia da mãe, são mero folclore ou filhos de alguma infecção capitalista.
A mulher continua a ser marginalizada nos seus direitos que deviam ser iguais aos do homem, continua a ser a responsável pela organização familiar mesmo que a boa vontade do homem se disponha a ajudar... mas sempre à espera da organização da mulher.
A mulher, por culpa própria mas sobretudo por razões culturais, acaba por não ter tempo nem disponibilidade para assumir cargos de responsabilidade superior na sociedade.
E com que expectativa esperamos, pelo menos eu espero, a sua entrada a sério na política, por exemplo. Fará a mulher uma política diferente da dos homens? Trará ela para o exercício do poder valores mais humanos, mas afectivos, mais dialogantes, mais justos? Será verdade o que João Paulo II escreveu, ao pedir que “seja colocado em devido relevo o ‘génio da mulher’, tendo em conta não somente as mulheres grandes e famosas, do passado ou nossas contemporâneas, mas também as mulheres simples, que exprimem o seu talento feminino com o serviço aos outros na normalidade do quotidiano. De facto é no doar-se aos outros, na vida de cada dia, que a mulher encontra a profunda vocação da sua vida, ela que talvez mais do que o próprio homem vê o homem porque o vê com o coração” (Carta às mulheres, 12).
Os exemplos, bem poucos, que temos tido não vão muito neste sentido. Mas pode haver uma razão conjuntural. Perdidas, enormemente minoritárias num mundo de homens, elas terão de utilizar as mesmas armas que eles para se imporem. Claro que estou a pensar, por exemplo, em Margaret Tatcher ou em Golda Meir. Mas há outros sinais mais esperançosos. Podia referir Maria de Lurdes Pintassilgo e Tarja Halonen, ou as "nobeladas" Rigoberta Manchu, Wangari Maathai e Chirine Ebadi, ou Madre Teresa de Calcutá.
E o que nos trará esta revoada de mulheres que estão a concorrer para lugares cimeiros:, como Hilary Clinton ou Segolène, ou as já eleitas como Angela Merkel, Ellen Johson-Sirleaf e Michele Bachelet?

Só mais uma nota. Palavras ditas por homens e por mulheres neste referendo sobre o aborto referiam a liberdade absoluta de abortar como uma manifestação da dignidade da mulher. Parece-me realmente uma afirmação bem pobre. Para mim a dignidade da mulher resulta, tal qual como a do homem, do facto de ser pessoa, sujeito livre e consciente. Tudo o que torne a mulher cada vez mais pessoa promove e valoriza a sua dignidade.
Por isso há ainda tanta coisa a fazer não só pelas mulheres mas também pelos homens.
É que a libertação do homem nunca acontecerá verdadeiramente enquanto a mulher não vir, na teoria mas sobretudo na prática, os seus direitos e deveres humanos igualmente respeitados, defendidos e promovidos!

0 Comentários:

Enviar um comentário

<< Home