Aborto 4: Algumas perguntas
Será que o embrião/ feto é apenas uma “coisa” com que a sociedade não tem que se interessar e que a própria mulher pode jogar fora só porque veio em má altura ou, pior ainda, não lhe apetece ter um filho?
Admitir o aborto sem quaisquer condicionalismos, não é transformar o aborto num simples contraceptivo, numa altura em que já há tantos?
Proclamar sem mais “Sim ao Aborto” não é contribuir para uma cultura da irresponsabilidade sobretudo entre a malta nova? Que tipo de valor pela vida estamos nós a transmitir, num tempo em que a cultura da morte é mais valorizada que a cultura da vida? Exemplos: a maneira assassina como se conduz nas estradas, a falta de segurança no trabalho; a facilidade com que se mata para roubar meia dúzia de euros numa bomba de gasolina; o Bullying, mas também, agora a nível da qualidade de vida, a violência com que resolvemos assuntos particulares, a violência doméstica, etc..
Não será altura de implementar, para lá de uma informação bem estruturada, uma mais eficaz e séria educação sexual (que não se resuma a ensinar a pôr o preservativo nem se fique pela genitalidade, mas também não esqueça o “sexo seguro”), uma educação para a valorização do “ter filhos” e da família não apenas como realização pessoal mas como responsabilidade social?
Será o argumento da humilhação da mulher de maior peso que a morte de um (potencial) ser vivo?
Ficarão salvaguardados os gravíssimos problemas resultantes de abortos clandestinos, quando se sabe que é exactamente a partir das dez semanas que o aborto se torna particularmente complicado, já que antes das dez semanas bastará um tratamento medicamentoso, que deve naturalmente ser devidamente acompanhado, enquanto que depois desta data é exigida uma intervenção cirúrgica?
Como podem, concretamente os católicos, serem tão taxativamente pelo Não, e não lutarem, com igual veemência e empenho, contra a lei eclesiástica que proíbe os contraceptivos artificiais, possivelmente uma das principais causas de gravidezes indesejadas entre os católicos?
Num mundo onde há tantas dificuldades, tanta falta de apoio e de acolhimento, onde está a nossa capacidade de manifestar a misericórdia infinita de Deus que perdoa à mulher adúltera?
E já agora uma questão muito delicada para os católicos: bastará apelar à sua consciência e ignorar a doutrina da Igreja?
- cada um de nós será julgado pela sua consciência e o julgamento da sua consciência é superior a qualquer imposição exterior; esta é uma doutrina segura e indiscutível. Argumentos:
- “Mais vale obedecer a Deus que aos homens” (Act 4,19; 5,29);
- “No íntimo da sua consciência, o homem descobre a presença de uma lei que ele não deu a si mesmo, mas à qual deve obedecer e cuja voz, impelindo-o a amar e a realizar o bem e a evitar o mal, ressoa no momento oportuno na intimidade do seu coração: “Faz isto, evita aquilo”. Porque se trata de uma lei inscrita por Deus no coração do homem, no seu cumprimento está a dignidade humana e é segundo ela que será julgado” (Gaudim et Spes, 16; sublinhado meu);
- “Recebida uma ordem encontramo-nos num dilema: se formos contra a nossa consciência, pecamos; se desobedecermos ao nosso superior, também pecamos. Dos dois, o primeiro é pior pois que o ditame da consciência vincula mais que o decreto da autoridade exterior” (S. TOMÁS DE AQUINO, Questiones disputatae XVIII, de Veritate, 5);
- MAS como formamos a nossa consciência: apoiados na opinião dominante, na publicidade, no politicamente correcto, naquilo que mais me agrada (eu quero; eu posso)? Qual é o factor de maior peso: o dos valores tradicionais, baseados na sabedoria dos povos e das religiões, ou o dos novos valores que querem fazer avançar a humanidade para novos caminhos e se sentem manietados pelo peso do passado? Como concilio estes dois contributos?
Até porque novos caminhos aí vêm: eutanásia, poligamia ,..
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