divórcio ou casamento eterno?...

2007-02-15

The day after 2

Algumas comunidades e grupos católicos vão deparar-se com um problema delicado.
O facto de muitos votarem Não, alguns votarem Sim e outros se terem abstido pode ser ocasião ou para uma caça ás buxas ou para o revigoramento da fraternidade eclesial.
Temos aqui um verdadeiro desafio para provar a autenticidade do nosso viver o Sermão da Montanha:
"Amai os vossos inimigos" (Mt 5,44), que neste caso deve ser traduzido por "Amai os que não têm a mesma opinião que vós" é um grande desafio sobretudo numa comunidade em que todos amam Jesus Cristo que quer que "nos amemos uns aos outros como Ele nos amou" (Jo 13,34).
O "não julgueis" (Mt 7,1-5) torna-se também muito ou ainda mais complicado porque um grupo pode julgar-se na posee da verdade mais que o outro. Para esta situação talvez valha a pena ter em conta alguns pontos:
- este referendo não era sobre a moral cristã;
- esta matéria, não sendo um dogma de fé, deve também ter em linha de conta a evolução dos saberes científico, antropológico, filosófico, teológico e a leitura dos sinais dos tempos (cf. GS 4);~
- o cristianismo não é tanto uma ética (que também é) mas sobretudo o seguimento de uma Pessoa, Jesus Cristo; e aqui podemos perguntarmo-nos: quem ama mais (ou melhor) Jesus Cristo: os do não, os do sim ou os que se abstiveram?
- em casos de divergência a Gaudium es Spes dá regras muito oportunas:
Muitas vezes, a concepção cristã da vida incliná-los-á para determinada solução, em certas circunstâncias concretas. Outros fiéis, porém, com não menos sinceridade, pensarão diferentemente acerca do mesmo assunto, como tantas vezes acontece, e legitimamente. Embora as soluções propostas por uma e outra parte, mesmo independentemente da sua intenção, sejam por muitos facilmente vinculadas à mensagem evangélica, devem no entanto, lembrar-se de que a ninguém é permitido, em tais casos, invocar exclusivamente a favor da própria opinião a autoridade da Igreja. Mas procurem sempre esclarecer-se mutuamente num diálogo sincero, salvaguardando a caridade recíproca e atendendo, antes de mais, ao bem comum. (GS 43)
Em virtude da sua missão de iluminar o mundo inteiro com a mensagem de Cristo e de reunir num só Espírito todos os homens de qualquer nação, raça ou cultuta, a Igreja constitui um sinal daquela fraternidade que torna possível e fortalece o diálogo sincero.
Isto exige, em primeiro lugar, que, reconhecendo toda a legítima diversidade, promovamos na própria Igreja a estima mútua, o respeito e a concórdia em ordem a estabelecer entre todos os que formam o Povo de Deus, pastores ou fiéis, um diálogo cada vez mais fecundo. Porque o que une entre si os fiéis é bem mais forte do que o que os divide: haja unidade no necessário, liberdade no que é duvidoso e em tudo caridade (GS 92);
- finalmente há os exemplo que a Bíblia nos fornece:
- a 1ª leitura de domingo: David poupa a vida a Saul (1Sam 26);
- Rom 14.
- e já agora, Deus não faz acepção de pessoas (Act 10,34), nem nos incumbiu de arrancar o joio que cresce no meio do trigo (Mt 13, 24ss), por um razão muito simples: é que só Ele sabe verdadeiramente o que é joio e o que é trigo.

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