Aborto. 5: O que é a vida que está em debate
É muito importante este ponto, porque considero que talvez esteja aqui a maior divergência entre os apoiantes sinceros do Não e os do Sim.
Os apoiantes do Não parecem muito subsidiários da doutrina da Igreja que durante muitos anos defendeu o direito à vida “apenas” em dois momentos chave: “na barriga da mãe” (aborto) e no leito do moribundo (eutanásia). E continua com algumas incoerências: pena de morte que apesar de muitas vozes em contrário se mantém no Catecismo da Igreja Católica (nº 2267) ou a recusa do preservativo considerado hoje um factor importante na defesa contra a Sida.
Os apoiantes do Sim parecem valorizar toda a vida e as suas difíceis circunstâncias, secundarizando excessivamente porque são fundamentais, estes dois momentos.
E, no entanto, aqui cito João Paulo II, “o titular deste direito é o ser humano, em todas as fases do seu desenvolvimento, desde a concepção até à morte natural, e em todas as suas condições, tanto de saúde como de doença, de perfeição ou de deficiência, de riqueza ou de miséria” (ChL38; cf. GS 27).
Não é este o caminho que deveria ser seguido? Não é pouco humano dar excessiva importância ao argumento de que não se sabe quando começa a vida? A vida, julgo eu, começa num momento de ruptura com o não vivo e não a meio de um processo de crescimento. Será tão importante centrar a discussão sobre o sistema nervoso central: quando funciona (em plenitude?)? Não estaremos a reificar demasiado o ser vivo?
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