divórcio ou casamento eterno?...

2007-10-04

50 anos depois

Já lá vão alguns anos. Só os da terceira idade se lembram bem disso.
Mas aquela insignificante esfera metálica, com apenas um rádio, meia dúzia de pilhas e uma ventoinha e ainda sem computadores nem sofisticados aparelhos científicos nem câmaras fotográficas capazes de fotografar as cidades americanas, transportava um futuro prenhe de consequências. Com menos de 100 quilos de peso ela transportava a humanidade inteira, para lá das competições de prestígio entre blocos tão ridículas quando comparadas com a imensidão do espaço desconhecido que nos rodeia. Neste grão de pó iam, sem o suspeitarmos, as nossas esperanças e as nossas certezas. A certeza de uma humanidade que se sente prometaica e capaz de vencer as barreiras naturais e fisiológicas que nos separam do espaço exterior. Mas também a esperança de que, se um dia a loucura humana der cabo deste nosso doce lar, teríamos uma saída para um futuro que ninguém ainda pode imaginar.
Foi, efectivamente, o primeiro passo para um possível corte umbilical com esta terra que viu nascer o género humano. Qualquer coisa semelhante ao que a vida teve de fazer quando resolveu deixar a protecção dos oceanos para se arrastar para a terra firme tão hostil: a vida na altura teve que inventar os pulmões para respirar, teve que descobrir a maneira de levantar o corpo do chão e de suportar a cabeça, teve que arranjar mecanismos que lhe permitissem vencer a gravidade. E, de milhões em milhões de anos, foi continuando e resolvendo os problemas fisiológicos e dinâmicos do corpo, mas também o seu relacionamento com o meio, a defesa agresiva do seu território, a capacidade de cuidar dos seus filhos, o prazer de se relacionar com os amigos. A vida venceu estas batalhas todas.
As próximas batalhas vão ser diferentes. A evolução assumiu a consciência e agora é sobretudo cultural. A espécie humana, o Homo sapiens, tem apenas uma centena de milhar de anos. Dizem os entendidos que cada espécie tem uma tempo médio de vida de cerca de 2 milhões de anos. Estamos portanto na meninice: aprendemos a falar e a andar, pouco mais. Há, pois, muito tempo para continuar e desenvolver todas as potencialidades que o Sputnik abriu há precisamente 50 anos.
Cá vamos nós. O futuro pertence-nos.

1 Comentários:

Anonymous Anónimo disse...

Cinquenta anos... Estava eu a dar os primeiros passos em Coimbra, tal como tu, Zé Dias. Algum tempo depois era a Laica... (ou foi antes?). Muito se melhorou em Ciência e Técnica. E em HUMANIDADE? Eis a questão!
Um abraço do FF

6/10/07 21:22

 

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