divórcio ou casamento eterno?...

2007-11-01

Crianças soldados

As crianças soldados atingem um número muito próximo das 300 mil.
É uma situação que não nos diz muito e não imaginamos a enorme brutalidade e violência que está por detrás desta realidade. As crianças, com idades que por vezes nem chegam aos dois dígitos, são raptadas e treinadas no ódio e no máximo desprezo pela vida dos outros e deles próprios. Desse treino faz parte a aplicação contínua de drogas que as tornam resistentes à dor, à fome, as atiram para frente do combate sem qualquer medo.
Ismael Beah escreveu a sua história, agora traduzida em português "Uma longa caminhada". Nela se percebem as circunstâncias que levam um rapaz que nem sabia o que era guerra a tornar-se uma máquina de matar e como, graças ao carinho de vários voluntários, conseguiu de novo aprender a sorrir e a viver. A seguir reproduzo o testemunho que deu no Conselho Económico e Social das Nações Unidas:
Sou da Serra Leoa e o problema que afecta as crianças é a guerra que nos obriga a fugir de casa, a perder as nossas famílias e a vaguear sem rumo pelas florestas. Como resultado, envolvemo-nos no conflito como soldados, carregadores e como executores de muitas outras tarefas difíceis. Tudo isto por causa da fome, da perda das nossas famílias e da necessidade de nos sentirmos em segurança e de fazermos parte de algo depois de tudo ter sido destruído. Juntei-me ao exército porque perdi a minha família e tinha fome. Queria vingar a morte dos meus familiares. Também tinha de arranjar comida para sobreviver e a única forma de o fazer era juntar-me ao exército. Não foi fácil sermos soldados, mas tivemos de o ser. Já fui reabilitado, por isso não tenham medo de mim. Já não sou soldado, sou uma criança. Somos todos irmãos. Aprendi com a minha experiência que a vingança não é boa: se vou vingar-me, irei matar outras pessoas cuja família quererá vingar-se; assim a vingança, a vingança e a vingança nunca terá fim”.

De um dos cinco documentos conciliares promulgados a 28.Out.1965:
Carece, portanto, de fundamento toda a teoria ou modo de proceder que introduza, entre ser humano e ser humano ou entre povo e povo, qualquer discriminação quanto à dignidade humana e aos direitos que dela derivam (Declaração sobre a Igreja e as Religiões não-cristãs, Nostra Aetate, 5)

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