Holocausto
Não vale a pena recordar que o Holocausto foi um dos enormes crimes contra a humanidade. Foi uma tentativa, pensada e devidamente programada, de um genocídio, da eliminação definitiva de um povo, que não podia conspurcar a pureza do homem ariano.
E isto deve ser recordado e ensinado, em toda a sua crueldade, nas nossas escolas para que ninguém mais se sinta indiferente a situações deste tipo.
Foi e é um desafio, uma inescapável interpelação, às nossas convicções, aos nossos conceitos de ser humano. Até a própria teologia foi obrigada a perguntar-se: “Onde esta(va) Deus no Holocausto?”.
Dito isto, gostaria de recordar que não houve só um Holocausto.
Houve os Goulags, denunciados e quantificados por Soljenitzny e por documentos como “O Livro Negro do Comunismo”.
Houve os grandes e pequenos holocaustos do capitalismo, recordados, por exemplo, no “Livro Negro do Capitalismo”.
Houve muitas tentativas de genocídios: dos Arménios, pelos Turcos; dos Kurdos por não sei quantos governos, para já não falar de tantos outros massacres como os do Ruanda ou do Darfur.
Tão críticos que nós somos para com os alemães da época e tão coniventes com todas estas versões mais ou menos “comentadas” do Holocausto.
Mas há um outro Holocausto, que mata mais pessoas e do qual todos somos culpados. São os milhões de seres vivos que morrem de fome e de doenças perfeitamente curáveis, só porque não os queremos ajudar. Os nazis matavam, dando gases letais às suas vítimas: judeus, ciganos, homossexuais, etc.. Nós matamos, não dando pão e medicamentos, que ficariam ao “preço da chuva”. Por isso, somos todos nós culpados. Sabemos bem disso. Mas aceitamos de consciência tranquila tudo isso. Impávidos e serenos, como se acontecesse noutro planeta. Nada fazemos, para lá de tímidas manifestações de alguns grupos e ONGs que vão falando disso. Ignoramos os relatórios da Amnistia Internacional ou dos Médicos sem Fronteira.
Que moralidade temos nós para acusar os alemães da época do nazismo?
Que mundo queremos nós construir?
Apenas um mundo onde eu viva bem porque nada tenho a ver com o problema dos outros? Que bonita e aconchegadora é a expressão "o problema não é meu"!
Não é a humanidade uma única família, onde todos somos irmãos? Ou, pelo menos, devíamos ser?
Façamos o que fizermos, desta responsabilidade ninguém nos pode livrar. Porque apesar da debilidade da nossa comunicação social, todos vamos sabendo o suficiente para não poder ignorar todos estes crimes contra a humanidade.
Não fundo, não passamos de uns hipócritas e de uns egoístas!
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