divórcio ou casamento eterno?...

2009-02-20

O rapaz do pijama às riscas

Num momento em que o Holocausto voltou a ser objecto de notícia, este filme notável vem ajudar a olhar para este facto histórico de um modo muito “educativo”.
Ali se cruzam as várias posições e atitudes por que terão passado os alemãs da época, através da vida e dos sentimentos de uma família de quatro pessoas.
O pai, de formação militar, foi nomeado para director de um dos campos de extremínio. Ele não tem dúvidas: é um soldado e, como tal, só lhe resta obedecer. Esta foi uma das desculpas mais usadas pelos criminosos nazis. Esta continua ainda hoje uma razão válida para muita gente: há quem (muitos quens) que falam (nos cafés), criticam (entre amigos), fazem manifestações de rua (escondidos na multidão), mas quando chega a altura, por medo ou talvez antes por falta de estrutura psicológica, fazem exactamente o contrário daquilo pelo que aparentemente lutaram. Estas atitudes, sobretudo quando atingem proporções alarmantes são um veneno extremamente corrosivo para a cidadania e para a construção de uma sociedade justa.
A mãe, que foi enganada pelo marido, não sabe bem o que se passa. Certamente porque confia nele nem sequer se interroga sobre o que está a acontecer. Até que toma consciência da realidade e acusa o marido que se defende com a necessidade de defender a pátria dos inimigos. Mas também ela receia tomar uma posição drástica, acabando por ir tentando afastar-se daquele local, porque não pode viver com aquele cheiro a carne queimada e para poder afastar os filhos daquela dura realidade. Mas não lhe passa pela cabeça fazer qualquer denúncia. Por medo? Por que não tem suficiente consciência social?
A filha, apaixonada por um dos militares, assume em plenitude os ideais nazis, que um zeloso professor lhe tenta inculcar a ela e ao irmão.
O irmão, de 8 anos, que pensava ir para junto de uma quinta, é o único que se interroga quando vê todos os empregados da quinta vestidos de pijama. Trava amizade com um miúdo da sua idade que está no campo.
A violência psicológica do filme, que vai crescendo com as reacções dos vários personagens, assume um tom verdadeiramente dramático pelo contraste com a inocência de ambos os miúdos. Ele, o mais novo, é o único que se interroga, que faz perguntas, que procura informar-se, que traiu o amigo por medo, certamente, mas… logo se arrepende.

As negações do Holocausto aparecem ciclicamente e têm vindo de vários lados. Uma das últimas veio do bispo católico integrista, o inglês Richard Williamson, a quem Bento XVI respondeu com palavras de condenação da sua atitude e também do próprio Holocausto. Só um parêntesis, curiosamente quem acabou por ser mais criticado foi Bento XVI e não o bispo Williamson.

Mas há quem, apesar de negar o Holocausto, o perpetua. E precisamente quem menos o devia fazer. O que os israelitas estão a fazer aos palestinianos civis é uma versão moderna do Holocausto. Afinal parece que para eles o Holocausto é um mero acontecimento histórico que serve para se apresentarem como vítimas, mas não os leva a ter comportamentos mais humanos e não têm qualquer repugnância em fazer o mesmo.
E os recentes resultados eleitorais indiciam que esta mentalidade continua ainda na cabeça de muitos "cidadãos" israelitas.
Convém, contudo, não esquecer os muitos israelitas que procuram sinceramente a paz e se opõem inclusivamente a ordens militares para bombardear escolas, hospitais, edifícios civis, que os chefes militares israelitas mandam atacar. O que, atendendo aos sofisticados meios tecnológicos para fazer bombardeamentos cirúrgicos, estas só podem ser ordens de tipo nazi. Os meus respeitos aos resistentes!
É assim que se constrói a paz e a justiça: “Bem-aventurados os que sofrem perseguição por causa da justiça, porque deles é o Reino do Céu” (Mt 5,10).

0 Comentários:

Enviar um comentário

<< Home