divórcio ou casamento eterno?...

2010-01-13

CinV (83) Economia de mercado: Contributo da DSI (nº 39)

Bento XVI compara mais uma vez as condições e as propostas da Populorum Progressio com as circunstâncias actuais. Convém não esquecer que entretanto se passaram quatro décadas. Dada a crescente aceleração da História, as mudanças sofridas, entretanto, foram radicais e complexas.

No seu tempo, Paulo VI fizera vários apelos:

- a configuração de “um modelo de economia de mercado capaz de incluir, pelo menos intencionalmente, todos os povos e não apenas aqueles adequadamente habilitados”;

- o empenhamento “na promoção de um mundo mais humano para todos”, que esteja enraizado, como dizia Paulo VI, “na fraternidade humana e sobrenatural, apresentando-se sob um tríplice aspecto: o do dever de solidariedade, ou seja, o auxílio que as nações ricas devem prestar aos países em via de desenvolvimento; o do dever de justiça social, isto é, a rectificação das relações comerciais defeituosas, entre povos fortes e povos fracos; o do dever de caridade universal, quer dizer, a promoção, para todos, de um mundo mais humano e onde todos tenham qualquer coisa a dar e a receber, sem que o progresso de uns seja obstáculo ao desenvolvimento dos outros” (PP 44);

- o alargamento ao nível planetário de uma ideia permanente da DSI, a “de que a ordem civil, para subsistir, tinha necessidade também da intervenção distributiva do Estado”.

Hoje, devido a tantas mudanças tão complexas e estruturantes, esta perspectiva de PauloVI:
- por um lado, está a “ser posta em crise pelos processos de abertura dos mercados e das sociedades”;
- por outro, “revela-se incompleta para satisfazer as exigências duma economia plenamente humana”.

Estas afirmações do Papa dão conta de uma das características essenciais da DSI, que poderíamos sintetizar numa expressão muito conhecida, “evolução na continuidade”, como explica João Paulo II, que escreveu a encíclica Sollicitudo rei socialis com dois objectivos: prestar homenagem à encíclica Populorum Progressio e "reafirmar a continuidade da doutrina social da Igreja juntamente com a sua renovação constante. Com efeito, continuidade e renovação são prova do valor perene do ensino da Igreja" (cf SRS 3). Há continuidade no seu ensinamento porque a sua base fundante está nas palavras perenes do Evangelho. Mas há também uma evolução, de modo a traduzir para os dias de hoje essa mesma mensagem evangélica e a poder responder, de modo adequado a cada época, aos constantes desafios que vão surgindo.
Por isso mesmo, a DSI continua a ser actual e com ela a Igreja dá o seu contributo específico: “Comungando as melhores aspirações dos homens e sofrendo por os ver insatisfeitos, a Igreja deseja ajudá-los a alcançar o seu desenvolvimento pleno; e, por isso, propõe-lhes o que ela possui como próprio: uma visão global do homem e da humanidade” (PP 13).
Esta é a sua colaboração inestimável para apontar caminhos que, levados à prática, podem ajudar a evitar situações e crises que ponham em causa a dignidade das pessoas e dos povos: “Aquilo que a doutrina social da Igreja, partindo da sua visão do homem e da sociedade, sempre defendeu, é hoje requerido também pelas dinâmicas características da globalização”.

Mas a grande resposta à economia de mercado é o mercado da gratuidade.

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