Desemprego uma violência insustentável
Para fazer do 1º de Maio não só uma festa que de festa pouco tem este ano, mas sobretudo uma ocasião para reflectir sobre a realidade que cada vez exige maior participação activa, empenhada e criativa de todos, a Comissão Diocesana Justiça
e Paz acaba de publicar uma Nota, da qual enviou aos jornais um pequeno resumo que aqui deixo para os potenciais interessados. Quem quiser ler o texto integral pode encontrá-lo aqui.
Desemprego uma violência insustentável
A Comissão Diocesana Justiça e Paz acaba de publicar uma Nota,
estruturada em três partes, intitulada “Desemprego
e Confiança”, a qual aborda a situação atual, apresenta alguns princípios
basilares e faz algumas sugestões a todos os âmbitos da sociedade no sentido de
contribuir para a superação ou melhoramento da atual crise.
Na primeira parte, tendo como
fundo “uma explosiva falta de confiança” e uma sociedade globalizada que “nos
torna vizinhos, mas não nos faz irmãos”, denuncia a escalada de desemprego que
já castiga mais de um milhão de pessoas com todo o seu cortejo de dramas de
todo o tipo que “se repercutem na nossa sanidade
mental como pessoas e como sociedade”.
Na segunda parte, defende a
urgência de uma nova Mentalidade, destacando “alguns princípios da Doutrina
Social da Igreja, cujo não cumprimento está na base das principais causas da
crise”: a centralidade da pessoa, o bem comum e o conceito de trabalho.
A prioridade tem de ser
sempre dada à pessoa e deve ser considerada a referência última e irrenunciável
em qualquer ordenamento social. “Dar a prioridade à pessoa exige políticas
económicas com o objetivo de criar o maior número de empregos, garantir a
transparência, sem privilegiar nem excluir ninguém dos bens e dons que são de
todos, regular a repartição segundo uma justa proporcionalidade das
dificuldades, recusar a tão gravosa economia paralela.”
Tendo como objetivo o pleno desenvolvimento integral
(da totalidade da pessoa) e solidário (de todas as pessoas), o bem comum não
pode, portanto, reduzir-se à “mera soma dos interesses particulares, mas
implica a sua avaliação e composição feita com base numa equilibrada hierarquia
de valores e, em última análise, numa correta compreensão da dignidade e dos
direitos da pessoa”.
Finalmente há que educar para a verdadeira natureza do
trabalho. Por um lado ele é não é apenas um meio de subsistência; é também
vocação, pois é indispensável à realização plena da pessoa; é criação, porque
todo o trabalhador, todo o que realiza uma qualquer atividade humana, é
criador, construtor de algo; é o meio concreto para que todos recebam a parte
que lhes cabe por serem cidadãos mas também para que todos contribuam para o
enriquecimento material e espiritual da humanidade. Por outro lado é um
instrumento ao serviço da pessoa: “a dignidade advém à pessoa não do tipo de
trabalho que realiza, mas do modo responsável e amoroso como o executa, por
mais ‘humilde’ que seja”.
A terceira parte deixa várias sugestões não só a nível
da sociedade em geral, mas também dos governantes e
legisladores, empresarial, sindical, bancário e da legislação laboral. Aponta
para a necessidade de reconquistar a Confiança, afirmando o Direito a
uma informação verdadeira e necessidade de responsabilizar os culpados.
Conclui com um apelo a um colaboração leal e honesta
de todos os agentes sociais, a uma “confiança coletiva inabalável e por uma
vontade decidida e inquebrantável” para uma eficaz construção do futuro e
sobretudo um esforço da conversão pessoal em mentalidade e nos comportamentos
de cada um de nós sem o qual nenhuma mudança ganha raízes. É indispensável que
“cada um procure examinar-se para ver o que
é que já fez até agora e aquilo que deveria fazer”.
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