Aborto: 1:Legitimidade do Referendo
Devo dizer que tinha decidido só falar deste tema, depois do referendo, por duas razões.
Primeira: Porque, possivelmente, como nos diz o passado, depois do referendo, os vencedores vão buzinar para a Baixa (“somos campeões!”) e os vencidos recolhem a casa para se refazerem do cansaço; mas o fundo da questão já não vai interessar a ninguém. Apetecia-me chamar um nome feio a isto, mas vou ver se me porto bem e me deixo de moralismos!
Segunda: Porque, pessoalmente não considero legítimo o referendo, porque se o referendo quer abordar
- a dimensão ética: as normativas morais/éticos não são referendáveis;
- a dimensão legislativa: há instâncias próprias da sociedade para o fazer, além de que a complexidade não permite a um simples inquérito público dar especial contributo;
- a dimensão política: seria transformar a questão numa luta partidária e na exploração da emotividade popular, como a realidade veio lamentavelmente confirmar e ultrapassar as minhas expectativas.
Tem-me sido contraposto que, mesmo que tenha razão, a verdade é que o referendo está aí e que não votar seria demitir-me da minha condição de cidadão. Embora não concorde de todo com esta posição (porque se acho que este referendo não é legítimo deveria coerentemente recusá-lo), admito que há algum fundamento para tal argumentação.
Por outro lado, decidi-me a dar a minha opinião porque vários amigos insistiram que, mesmo que não fosse votar, devia dar a minha opinião e contribuir para o debate, nem que seja só para discordar do Referendo.
Assim sendo, vou fazer alguns comentários, mas quero deixar claro desde já que parto de um pressuposto básico: eu acredito que há vida desde a concepção até à morte natural. E ainda mais agora que senti tão de perto o valor da vida, este pressuposto adquiriu uma força acrescida.
0 Comentários:
Enviar um comentário
<< Home