Sexta-feira santa
Faz hoje treze anos era sexta-feira santa no Ruanda: Jesus estava a ser crucificado nos cidades e nos campos desse país africao.
Ele que pregara o mais revolucionário dos ensinamentos dados aos homens - amai os vossos inimigos e rezai pelos que vos perseguem - estava a ser crucificado nas pessoas que odiavam e eram odiadas. Ele que pregara a condenação absoluta da violência, proibindo Pedro de a usar para evitar a sua prisão, estava a ser crucificado por uma violência que ultrapassava a lei do tailão.
Ele, que desafiara todos a serem bons samaritanos, não conseguiu convencer os governantes nem os cidadãos ocidentais, alguns cristãos e outros subsidiários de uma cultura orignariamente maracada pelo evangelho, a fazerem-se "próximo" dos ruandeses e evitar aquela crucifixão genocídica.
As democracias, marcadas pelo desejo de um humanismo autêntico , não foram capazes ou não quiseram deixar de olhar para o seu umbigo e ir até ao Ruanda evitar a crucifixão de milhares de Cristos.
Ainda hoje assim fazem. E continuamos a ver, de longe, a crucifixão de muitos Cristo nos desertos do Darfur e noutros Gólgotas de que o mundo é pródigo. Nem sequer somos capazes de imitar o Cirineu, que ajudou a levar a cruz.
MAS... temos vontade política e força bruta para sermos ou deixarmos ser nós os próprios crucifixadores nas ruas de Bagdade, onde levamos o caos, a desordem, a morte, a miséria, a crucifixão diária de dezenas de Cristos.
O nosso pecado de deicídio é maior porque não é por causas nobres - intervenção humanitária, alargamento do desenvolvimento autêntico, a implementação dos objectivos do Milénio (onde vai isso?) - mas por egoísmos interesseiros - o controle dos poços de petróleo.
"O meu Reino - "um reino eterno e universal: reino o reino de verdade e de vida, reino de santidade e de graça, reino de justiça, amor e paz" (GS 39) - não é deste mundo".
Deste mundo é o reino e a justiça do petróleo.
Estas crucifixões lembram-nos que não podemos servir, isto é, prestar culto, simultaneamente às riquezas escravizantes e a Deus libertador. Temos que optar. Infelizmente já optámos e... mal.
1 Comentários:
Zé,
uma Santa Páscoa
7/4/07 17:13
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