Paulo de Tarso
Podemos interrogarmo-nos por que terá Paulo ter sido o grande dinamizador do cristianismo como uma religião universal. Haverá muitas respostas, mas gostava de reter uma: Paulo era, poderemos dizer assim, simultaneamente filho de Jerusalém e de Roma, o que vai fazer dele um homem de pontes culturais, aberto a diferentes mundos e culturas. Esta abertura de espírito não encaixava numa seita.
Nasceu, no seio de uma família judaica, em Tarso, na Ásia Menor (actual Turquia), uma cidade cosmopolita com cerca de 300 mil habitantes, um importante centro cultural e comercial com um porto muito movimentado. Nesta cidade cresceu no confronto entre o ambiente protegido e fechado do bairro judaico e o ambiente aberto da grande cidade grega. Depois foi estudar para Jerusalém (Act 26,4), onde deve ter recebido uma formação superior, junto do rabi Gamaliel (Act 22,3). Foi um judeu com cargos de responsabilidade: foi testemunha oficial no martírio de Estêvão (Act 7,58), foi enviado pelo Sinédrio a Damasco para prender os cristãos (Act 9,2),
Por outro lado era cidadão romano, por nascimento (Act 22,29), situação a que fez apelo várias vezes, exigindo ser julgado pelo “tribunal de César” e não pelos judeus: “Apelo para César” (Act 25,10-11). Há quem diga que foi por isso que Paulo não fez oposição a Roma e até desenvolveu a sua teoria da autoridade que veio a trazer alguns dissabores: “Submeta-se cada um às autoridades constituídas, porque não há autoridade que não venha de Deus” (Rom 13,1).
Esta abertura de espírito que permite conhecer várias culturas e valores é também hoje fundamental para a construção da paz entre os povos. Por isso, seria bem vinda a disciplina da História comparada das Religiões pedida há dias em Lisboa.
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