divórcio ou casamento eterno?...

2008-06-06

Solidariedade e aumento dos preços alimentares

De acordo com as previsões de organismos internacionais, no decénio 2008-2017, a carne de vaca e de porco aumentará 20 % relativamente à década anterior (1988-2008), o milho e o trigo 40 a 60 % e a manteiga 60%. Para isto contribuem muitos factores, especialmente quatro deles estruturais: a subida do preço do petróleo, os biocombustíveis, a melhoria do nível de vida em economias emergentes como a chinesa ou a indiana e a especulação.
Hoje quero apenas referir o terceiro, o da melhoria do nível de vida de muitos milhões de chineses e indianos, que será o responsável pelo facto de, apesar de ter aumentado a produção de arroz, o seu preço ter subido o ano passado mais de 130%.
Chegou, pois, a altura de os que sempre puderam comer o que lhes apeteceu a preços moderados começarem a pagar para que milhões de esfomeados possam agora comer mais e melhor: arrancar centenas milhões de pessoas à fome e à miséria tem custos, mas custos que todos devíamos sentir orgulho e não uma inoportuna obrigação em suportar. Como proclamava João Paulo II: “De facto, não se trata apenas de "dar o supérfluo", mas de ajudar povos inteiros, que dele estão excluídos ou marginalizados, a entrarem no círculo do desenvolvimento económico e humano. Isto será possível não só fazendo uso do supérfluo, que o nosso mundo produz em abundância, mas sobretudo alterando os estilos de vida, os modelos de produção e de consumo, as estruturas consolidadas de poder, que hoje regem as sociedades” (CA 58).
Mas mesmo tendo de pagar mais, ainda estamos em grande vantagem. É que, segundo dados citados pela Reuters, enquanto um queniano, por exemplo, gasta metade do seu rendimento em alimentação, um alemão fica-se pelos 10%. E já nem falo do valor dos quantitativos em jogo.

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