As mulheres na Bíblia
Neste fim de semana, as mulheres reuniram-se em congresso. Não vou discutir as propostas nem as opiniões, mas pereceu-me um exercício interessante recordar algumas mulheres das muitas que povoam as páginas da Bíblia. Amanhã referirei algumas passagens significativas que mostram a igualdade radical que Deus desde a primeira página estabeleceu entre o homem e a mulher.
Irei destacar sobretudo mulheres libertadoras.
Séfora e Fua foram as parteiras que encontraram maneira de desobedecer ao faraó recusando-se a matar os bebés hebreus masculinos, quando todo o povo gemia sob o peso da esravidão (Ex 1, 15-20)
A astúcia de Joquebed, mãe de Moisés (Ex 6,20), que conseguiu salvá-lo da morte metendo-o numa cesta que a filha do faraó recolheu e depois educou (Ex 2,3-10).
Séfora, a mulher de Moisés, que no difícil regresso ao Egipto, foi ela que circuncidou o seu filho, um ritual que era pertença dos homens, mas que Moisés possivelmente angustiado deve ter descuidado, o que levou Deus a “ameaçar matá-lo” (Ex 4,24-26).
Maria, irmã de Moisés, profetiza, a primeira a exerce funções públicas, a quem se deve um dos mais antigos cânticos da Bíblia: “Cantai ao Senhor porque soberbamente triunfou / precipitou no mar cavalo e cavaleiro” (Ex 15, 20-21).
Raab, a prostituta de Jericó, que protegeu os espiões enviados por Josué, despistando os enviados do rei (Jos 2,1-6).
Débora, profetiza (Jz 4,4) e também “juíza” não só porque dirimia as causas mas porque conduziu os seus concidadãos contra os inimigos.
A viúva de Sarepta dos sidónios que dá tudo o que tem para sustentar o enviado de Deus, o profeta Elias (1Rs17,9-24).
Holda, profetiza, que anunciou as calamidades que viriam para o povo por ter queimado incenso aos deuses cananeus, o que levou o rei e os seus súbditos a “rasgar as vestes” e a fazer penitência (2Rs 22,14-20).
Judite, que usando a sua beleza seduziu Holofernes, general de Nabucodonosor que invadira Israel, e cortou-lhe a cabeça acabando com a ameaça (Jud 13)
A mãe dos Macabeus, a mãe coragem, que animou e estimulou os seus filhos a lutar corajosamente até à morte contra os costumes helénicos impostos por Antíoco: “Mas sobremaneira admirável e digna de eterna memória é a mãe que, amparada pela esperança no Senhor, soube portar-se corajosamente diante dos sete filhos mortos num só dia. Cheia de nobres sentimentos, associando a ternura materna com uma coragem varonil, exortava-os um a um” (2Mac 7,20-21).
Quantas mais poderiam aqui ser recordadas. Uma lista muito mais extensa pode encontrar-se em C. L. SEABRA, Mulheres bíblicas, São Paulo, Lisboa 1996.
Como foi possível aos exegetas judaicos, logo seguidos dos cristãos, ter varrido para debaixo do tapete da história estas mulheres profetizas, juízas, condutoras de exércitos, mulheres corajosas para lutar contra tanto o genocídio físico no Egipto como o genocídio cultural imposto pelos helenistas!
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