Aprender a cidadania
Chegou a vez dos alunos se manifestarem. É certo que já não o fizeram mais vezes. E é bom que se habituem a participar na vida cívica nomeadamente através da contestação pública.
Mas também aqui a educação é um factor importante: a cidadania não é automática e, portanto, também exige alguma aprendizagem, quantos aos fins e aos meios.
A luta por direitos ou por leis julgadas injustos é um direito que todos têm e que os mais jovens devem aprender exercitando-o. Por exemplo, as manifestações contra o seu Estatuto ou contra o regime de faltas é o exemplo mais recente.
Mas há aqui qualquer coisa que não enxaixa bem. Como o estatuto não saiu por estes dias, é legítimo ao cidadão comum interrogar-se sobre estas coincidências e sobretudo sobre o modo de convocação. Houve uma reunião nacional dos Movimentos estudantis a decidir esta manifestação? Não. Foi convocada por SMS, foi a resposta que todos deram. Seria importante saber quem os manda?
Mas houve três situações que me parecem preocupantes em termos de educação para uma sã educação dos alunos: 1) há dias a ministra foi recebida numa escola por alunos que atiraram ovos contra o seu carro; 2) ontem, e cito um diário, “os alunos da Secundária D. Dinis, em Chelas, Lisboa, investiram contra o auditório onde decorria a reunião entre Ministério e Conselhos Executivos… Durante cerca de dez minutos, os alunos atiraram ovos e tomates contra a sala, enquanto gritavam e esmurravam as portas, perante a impotência dos funcionários da escola”; 3) na véspera, o primeiro-ministro foi apupado em Ponte de Lima por … crianças. Apupar não tem nada de grave, mas tratando-se de crianças, é oportuno interrogarmo-nos se se tratou de uma mera iniciativa sua ou foram para tal incentivadas? Não vi críticas a estes acontecimentos. Talvez seja a a minha costoleta de velho bota de elástico, mas realmente preocuparam-me estas atitudes da parte de jovens normais.
Os adultos queiram ou não, com o seu exemplo, também (embora nem sempre) servem de exemplo. Por isso talvez fosse bom que se habituassem a comportar-se de um modo tal que as nossas crianças e jovens aprendam a ser cidadãos responsáveis capazes de, no meio das divergências e desacordos mesmo grandes, dar prioridade ao diálogo e ao respeito mútuos, procurando ter como critério primeiro o bem da sociedade a que pertencem.
Lembro-me que há anos atrás uma nossa selecção de futebol (sub-17 ou sub-19, já não sei) vandalizou os balneários do estádio de Clermont Ferrand. Alguém com responsabilidade achou que os devia desculpar: “são rapaziada nova!”. Ponto final, parágrafo!
Certamente que maus exemplos e desculpas deste tipo por parte dos adultos não ajudam as crianças e os jovens a tornar-se futuros cidadãos exemplares.
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