divórcio ou casamento eterno?...

2009-04-24

O terramoto e o Papa

Há dias, um amigo referia-me a sua desilusão pelo facto do Papa em vez de visitar as zonas atingidas pelo terramoto de 6 de Abril em Itália se ficasse por rezar pelas vítimas.
Foi para mim uma lição quanto ao diálogo da Igreja católica com os não crentes.
Eu realmente tinha achado um gesto muito significativo a autorização, aliás pedida por muita gente, para celebrar a missa de sufrágio em sexta-feira santa: «em consideração pelo carácter excepcional do evento, a Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos concedeu o indulto para a celebração de uma missa de sufrágio, apesar de a normativa litúrgica não prever outros ritos na Sexta-Feira Santa com excepção dos da Paixão do Senhor». E que encarregasse “a segunda Pessoa” do Vaticano para presidir às exéquias, bem como tenha enviado o seu secretário particular, “como sinal da proximidade pessoal do Papa com quem sofre por causa do terramoto”.
Foi anunciado que o Papa irá fazer a sua visita pessoal no próximo dia 26.

Dei por mim a pensar que acabara por valorizar mais esta excepção litúrgica (“verdadeiro milagre” para quem conhece os liturgistas e o fundamentalismo ritualista da Igreja) do que a presença pessoal do Papa. É oportuno lembrar que estiveram presentes o presidente da República, Giorgio Napolitano, e o primeiro-ministro, Sivil Berlusconi.

Estamos realmente longe do que “os outros” pensam e esperam da Igreja. E curiosamente o que esperam não são orações, mas amor, carinho, solidariedade, acolhimento.
Ora, lendo o Evangelho, lá nos deparamos com a parábola do bom samaritano, na qual Jesus faz uma crítica demolidora ao sacerdote e ao levita por não terem tratado do moribundo, tão preocupados estavam com o Templo e o seu serviço, e o elogio modelar ao Samaritano, que, certamente estaria também com pouco tempo devido aos seus negócios, mas que parou, saltou da montada, aproximou-se e fez o que lhe competia para salvar aquele desconhecido que só teria de comum com ele ser uma pessoa.
Pontos de vista? Ou uma de várias explicações possíveis para a falta de credibilidade da Igreja?
É assim que poderemos (estrou a falar de mim e dos cristãos em geral e não especificamente do Papa) evangelizar o mundo de hoje?
E, já agora para nós, cristãos, estamos realmente a ser fiéis ao Evangelho?

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