CinV (12) Esquema (4)
Capítulo VI – O desenvolvimento dos povos e a técnica (68-77)
O desenvolvimento degenera-se “se a Humanidade pensa que pode re-criar valendo-se dos ‘prodígios’ da tecnologia” e "o progresso económico revela-se fictício e danoso quando se abandona aos ‘prodígios’ das finanças” (68).
Embora “a técnica seja um dado profundamente humano, ligado à autonomia e à liberdade do homem (porque) nela se exprime e confirma o domínio do espírito sobre a matéria” (69), pode dar origem a uma “mentalidade tecnicista que faz coincidir a verdade com o factível. Mas, quando o único critério da verdade é a eficiência e a utilidade, o desenvolvimento acaba automaticamente negado. De facto, o verdadeiro desenvolvimento não consiste primariamente no fazer; a chave do desenvolvimento é uma inteligência capaz de pensar a técnica e de individualizar o sentido plenamente humano do agir do homem, no horizonte de sentido da pessoa vista na globalidade do seu ser” (70).
“A técnica seduz intensamente o homem, porque o livra das limitações físicas e alarga o seu horizonte” (70). Por isso desvia-o do verdadeiro desenvolvimento, caindo na:
- tecnicização do desenvolvimento, transformando-o num “problema de engenharia financeira, de abertura dos mercados, de redução das tarifas aduaneiras, de investimentos produtivos, de reformas institucionais; em suma, um problema apenas técnico"; contudo, “o desenvolvimento é impossível sem homens rectos, sem operadores económicos e homens políticos que sintam intensamente em suas consciências o apelo do bem comum. São necessárias tanto a preparação profissional como a coerência moral”(71);
- tecnicização da paz, que “corre o risco de ser considerada como uma produção técnica, fruto apenas de acordos entre governos ou de iniciativas tendentes a assegurar ajudas económicas eficientes”; mas “para que tais esforços possam produzir efeitos duradouros, é necessário que se apoiem sobre valores radicados na verdade da vida” (72).
O espírito mecanicista pode também marcar profundamente os meios de comunicação social (73) bem com a bioética, “um âmbito delicadíssimo e decisivo, onde irrompe, com dramática intensidade, a questão fundamental de saber se o homem se produziu por si mesmo ou depende de Deus” (74), não só no que se refere ao aborto e a eutanásia, mas sobretudo à neurociência, ao “considerar os problemas e as moções ligados à vida interior somente do ponto de vista psicológico, chegando-se mesmo ao reducionismo neurológico. Assim esvazia-se a interioridade do homem e, progressivamente, vai-se perdendo a noção da consistência ontológica da alma humana” (76).
A superação do absolutismo da técnica “requer olhos novos e um coração novo, capaz de superar a visão materialista dos acontecimentos humanos e entrever no desenvolvimento um «mais além» que a técnica não pode dar. Por este caminho, será possível perseguir aquele desenvolvimento humano integral que tem o seu critério orientador na força propulsora da caridade na verdade” (77).
A Conclusão (78-79) estimula-nos a que a vastidão do trabalho a realizar não nos leve ao desânimo, mas seja antes um incentivo a “dedicar-nos com generosidade ao compromisso de realizar o desenvolvimento integral do homem todo e de todos os homens”.
Por este rápido apanhado pode fazer-se ideia dos inúmeros problemas que o Papa trata no contexto das dificuldades actuais.
É altura de começar a aprofundar alguns deles. As dificuldades em entrar no blog nos locais por onde tenho andado poderão atrasar essa reflexão, mas não a adiarão indefinidamente.
0 Comentários:
Enviar um comentário
<< Home