divórcio ou casamento eterno?...

2009-08-09

CinV (9) Esquema da encíclica

A encíclica Caritas in veritate consta de uma Introdução, sete capítulos e uma curta Conclusão.

A Introdução (1-9) explica e justifica o título: caridade na verdade. Uma expressão, tão pouco habitual e certamente da paternidade de Bento XVI, necessita de uma explicitação clara: “A verdade é luz que dá sentido e valor à caridade… Sem verdade, a caridade cai no sentimentalismo. O amor torna-se um invólucro vazio, que se pode encher arbitrariamente. É o risco fatal do amor numa cultura sem verdade; acaba prisioneiro das emoções e opiniões contingentes dos indivíduos, uma palavra abusada e adulterada chegando a significar o oposto do que é realmente. A verdade liberta a caridade dos estrangulamentos do emotivismo, que a despoja de conteúdos relacionais e sociais, e do fideísmo, que a priva de amplitude humana e universal” (3).

O Capítulo I (10-20) é dedicado a uma leitura actual da mensagem da Populorum Progressio de Paulo VI: “Dizer que o desenvolvimento é vocação (cf PP 42) equivale a reconhecer, por um lado, que o mesmo nasce de um apelo transcendente e, por outro, que é incapaz por si mesmo de se atribuir o próprio significado último” (16). Por isso, exige´:
- liberdade, uma “resposta livre e responsável. O desenvolvimento humano integral supõe a liberdade responsável da pessoa e dos povos: nenhuma estrutura pode garantir tal desenvolvimento, prescindindo e sobrepondo-se à responsabilidade humana” (17);
- verdade, enquanto capacidade para “afirmar e justificar o valor incondicional da pessoa humana e o sentido do seu crescimento… sem olhar a privilégios nem posições de poder nem mesmo aos méritos dos cristãos” (18);
- caridade, pois uma “sociedade cada vez mais globalizada torna-nos vizinhos, mas não nos faz irmãos. A razão, por si só, é capaz de ver a igualdade entre os homens e estabelecer uma convivência cívica entre eles, mas não consegue fundar a fraternidade” (19).

O Capitulo II (21-33) olha para “o desenvolvimento humano no nosso tempo”.
Reconhece que “actualmente o quadro do desenvolvimento é policêntrico” fazendo uma análise detalha dos múltiplos actores e causas e das culpas e méritos diferenciados (22). De qualquer modo, “o desenvolvimento de todo o homem e dos homens todos” supõe o “imperativo ético de dar de comer aos famintos” (27) e de “perseguir como prioritário o objectivo do acesso ao trabalho para todos, ou da sua manutenção” (32). Destaca que “a novidade principal foi a explosão da interdependência mundial, já conhecida comummente por globalização… Contudo, sem a guia da caridade na verdade, este ímpeto mundial pode concorrer para criar riscos de danos até agora desconhecidos e de novas divisões na família humana. Por isso, a caridade e a verdade colocam diante de nós um compromisso inédito e criativo, sem dúvida muito vasto e complexo. Trata-se de dilatar a razão e torná-la capaz de conhecer e orientar estas novas e imponentes dinâmicas, animando-as na perspectiva daquela «civilização do amor», cuja semente Deus colocou em todo o povo e cultura” (33).

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