divórcio ou casamento eterno?...

2009-09-15

CinV (22) Fé e Razão (1)

Na Introdução, Bento XVI utiliza uma expressão que lhe é muito cara: razão e fé: “Só através da caridade, iluminada pela luz da razão e da fé, é possível alcançar objectivos de desenvolvimento dotados de uma valência mais humana e humanizadora” (9). João Paulo II já lhe dedicar especial atenção e não só com a encíclica Fides et Ratio, mas para Bento XVI aeste é um tema fundamental que ele aborda sistematicamente e entende-se facilmente a sua preocupação se tivermos em conta estas suas palavras: “Olhando retrospectivamente, podemos dizer que a força que transformou o cristianismo numa religião mundial consistiu na sua síntese entre razão, fé e vida; este síntese condensou-se precisamente na expressão religio vera. Impõe-se, por isso, cada vez mais a questão: porque é que, hoje, esta síntese já não convence? Porque é que hoje, ao invés, surgem contraditórios e até reciprocamente exclusivos a racionalidade e o cristianismo? Que é que mudou na racionalidade? Que é que mudou no cristianismo?” (Deus existe? Um confronto sobre a verdade, fé e ateísmo da editora Pedra Angular, p. 85).
Como não sou filósofo nem teólogo, este é assunto difícil para mim, mas, como crente e cidadão, não posso ignorá-lo. Mais à frente onde o Papa trata mais detalhadamente o assunto direi mais alguma coisa. Para já queria apenas dar conta das principais referências nesta encíclica, mais um sinal de que a considera uma questão central para o cristianismo hoje:
- “A verdade é luz que dá sentido e valor à caridade. Esta luz é simultaneamente a luz da razão e a da fé…” (3);
- “É ao mesmo tempo verdade da fé e da razão, na distinção e, conjuntamente, sinergia destes dois âmbitos cognitivos” (5);
- “A razão, por si só, é capaz de ver a igualdade entre os homens e estabelecer uma convivência cívica entre eles, mas não consegue fundar a fraternidade” (19);
- “As exigências do amor não contradizem as da razão” (30);
- “É indispensável o alargamento do nosso conceito de razão e do uso da mesma” (31);
- “Trata-se de dilatar a razão e torná-la capaz de conhecer e orientar estas novas e imponentes dinâmicas, animando-as na perspectiva daquela «civilização do amor», cuja semente Deus colocou em todo o povo e cultura” (33);
- “A esperança encoraja a razão e dá-lhe a força para orientar a vontade. Já está presente na fé, pela qual aliás é suscitada. Dela se nutre a caridade na verdade e, ao mesmo tempo, manifesta-a” (34);
- “a razão encontra inspiração e orientação na revelação cristã” (53);
- “No laicismo e no fundamentalismo, perde-se a possibilidade de um diálogo fecundo e de uma profícua colaboração entre a razão e a fé religiosa. A razão tem sempre necessidade de ser purificada pela fé; e isto vale também para a razão política, que não se deve crer omnipotente. A religião, por sua vez, precisa sempre de ser purificada pela razão, para mostrar o seu autêntico rosto humano. A ruptura deste diálogo implica um custo muito gravoso para o desenvolvimento da humanidade.” (56);
- “O diálogo fecundo entre fé e razão não pode deixar de tornar mais eficaz a acção da caridade na sociedade e constitui o quadro mais apropriado para incentivar a colaboração fraterna entre crentes e não-crentes na perspectiva comum de trabalhar pela justiça e a paz da humanidade” (57);
- “Face a estes dramáticos problemas, razão e fé ajudam-se mutuamente; e só conjuntamente salvarão o homem” (74);
- “Deus revela o homem ao homem; a razão e a fé colaboram para lhe mostrar o bem, desde que o queira ver” (75).

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