divórcio ou casamento eterno?...

2010-01-27

CinV (87) Investimento e Empresário (nº 40)

Há neste número uma frase que merece um maior aprofundamento, não da parte do Papa, porque ele remete para a doutrina já existente, mas da minha parte, tentando resumir o que já fora dito antes e faz parte da DSI: “João Paulo II advertia que investir tem sempre um significado moral, para além de económico. Tudo isto — há que reafirmá-lo — é válido também hoje, não obstante o mercado dos capitais tenha sido muito liberalizado e as mentalidades tecnológicas modernas possam induzir a pensar que investir seja apenas um facto técnico, e não humano e ético”.

Investimento
Do próprio ponto de vista humano há uma exigência prévia: a existência de um mínimo de estabilidade económica e política; a DSI acrescenta um outro: o respeito pelo princípio do destino universal dos bens.
Tendo estas exigências como pano de fundo, o Concílio pronunciou-se nestes termos (GS 70):
- que os investimentos têm por objectivos: a criação de postos de trabalho e a satisfação das necessidades das gerações presentes e futuras;
- que “todos os que decidem sobre investimentos e a organização da vida económica - indivíduos, grupos ou poderes públicos - devem
- ter presentes estes fins;
- reconhecer a grave obrigação que têm de vigiar para que asejam assegurados os requisitos necessários a uma vida digna dos indivíduos e de toda a comunidade;
- prever de modo empenhado e dentro do possível a evolução futura;
- garantir um são equilíbrio entre as necessidades do consumo actual, individual e colectivo, e as exigências de investimentos para a geração futura;
-ter em especial atenção as necessidades urgentes das nações ou regiões economicamente menos desenvolvidas.
João Paulo II, dedicou-lhe também particular atenção (CA 36):
- o contexto do investimento pertence ao plano moral e cultural e não meramente do lucro: “A opção de investir num lugar em vez de outro, neste sector produtivo e não naquele, é sempre uma escolha moral e cultural”;
- é particularmente significativa a “sua” definição de investir, que se fosse levada a sério por todos originaria uma revolução quase copernicana no modo como muitos olham para os seus recursos: “oferecer a um povo a ocasião de valorizar o próprio trabalho”;
- alem disso, deve ser “determinado também por uma atitude de solidariedade e pela confiança na Providência divina, que revela a qualidade humana daquele que decide”;
- finalmente, sendo uma atitude com graves repercussões no presente e no futuro, tem de respeitar o ambiente e os recursos naturais: usando, mas não abusando, deles; tomando consciência de que são limitados; evitando a degradação do ambiente e da qualidade de vida (SRS 34).

Empresário
Daqui decorre que não é empresário quem quer, mas quem satisfaz a determinadas qualidades.
Umas são qualidades humanas (CA 32):
- a nível pessoal: “a diligência, a laboriosidade, a prudência em assumir riscos razoáveis, a confiança e a fidelidade nas relações interpessoais, a coragem na execução de decisões difíceis e dolorosas mas necessárias”;
- a nível relacional: a capacidade de coordenar “um trabalho disciplinado, em colaboração solidária” e a de transformar o ambiente natural e até o humano;
- a nível social: o Concílio lembra a obrigação grave de se preocupar em prover as necessidades de uma vida digna não só às pessoas mas a toda a comunidade e em prever o futuro e estabelecer um justo equilíbrio entre as necessidades presentes e as das gerações futuras, de um modo especial as mais urgentes das nações e das regiões subdesenvolvidas GS 70).
Para além disso, o empresário católico deverá também, além de fazer do investimento uma opção moral e cultural, assumir uma atitude de solidariedade e acreditar e ter confiança na Providência divina (CA 36).

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