divórcio ou casamento eterno?...

2010-02-26

CinV (95) Globalização (4) (nº 42)

Apesar das suas limitações, “a globalização a priori não é boa nem má. Será aquilo que as pessoas fizerem dela”. Esta firmação empurra-nos para consequêcias que não podemos ignorar.

1. Protagonismo humano
Somos chamados, todos, a ser protagonistas e a não deixar a s decisões apenas aos outros, especialmente aos actuais centros de decisão internacionais, que já provaram, para lá da incapacidade natural de prever o futuro, a sua “falta de humanidade” e de atenção aos mais carenciados: “Não devemos ser vítimas dela, mas protagonistas, actuando com razoabilidade, guiados pela caridade e a verdade”.
Para ser protagonistas, há duas atitudes a evitar:
- a de cair numa oposição acrítica marcada por preconceitos e chavões que se ouvem nas “mesas dos café”: “Opor-se-lhe cegamente seria uma atitude errada, fruto de preconceito, que acabaria por ignorar um processo marcado também por aspectos positivos”;
- a de correr “o risco de perder uma grande ocasião de se inserir nas múltiplas oportunidades de desenvolvimento por ele oferecidas”.

2. Correcta utilização
Para que este protagonismo seja exercido com “razoabilidade”, isto é, exercido de acordo com a sabedoria milenar, que o próprio Jesus repetiu, do “ser simples como as pombas e prudentes como as serpentes”, impõe-se:.
- uma boa gestão dos recursos mundiais: “Adequadamente concebidos e geridos, os processos de globalização oferecem a possibilidade de uma grande redistribuição da riqueza a nível mundial, como antes nunca tinha acontecido; se mal geridos, podem, pelo contrário, fazer crescer pobreza e desigualdade, bem como contagiar com uma crise o mundo inteiro”;
- a correcção dos muitos desvios que afectam a centralidade da pessoa e dos povos: “É preciso corrigir as suas disfunções, tantas vezes graves, que introduzem novas divisões entre os povos e no interior dos mesmos e fazer com que a redistribuição da riqueza não se verifique à custa de uma redistribuição da pobreza ou até com o seu agravamento, como uma má gestão da situação actual poderia fazer-nos temer”.

3. Orientação adequada
A globalização abre muitas perspectivas positivas, desde que se tome consciência de que se trata de um instrumento, mas um instrumento que deve estar ao serviço de todos. Esta convicção é um pilar fundamental nestes tempos de mudança porque são muitos os perigos que nos espreitam: “A transição inerente ao processo de globalização apresenta grandes dificuldades e perigos, que poderão ser superados apenas se se souber tomar consciência daquela alma antropológica e ética que, do mais fundo, impele a própria globalização para metas de humanização solidária”.
Mas há duas dificuldades que cuja erradicação vai levar o seu tempo, demasiado tempo:
- a maior, talvez, é aceitar que essa “alma antropológica e ética”, que deve orientar a globalização, implica que cada um de nós a deve assumir e interiorizar. E, olhando para as nossa associedade e para as pessoas que as constituem, não vemos que elas próprias aceitem ser orientads por um espírito “antropológico”, isto é, que faça da pessoa, de toda a pessoa de qualquer cultura, o centro das preocupações e decisões, e “ético”, isto é, que os princípios e os valores sejam tais que a humanidade inteira se constitua numa comunidade de irmãos: “Infelizmente esta alma é muitas vezes abafada e condicionada por perspectivas ético-culturais de natureza individualista e utilitarista”;
- a outra, mais fácil de interiorizar, mas difícil de praticar, ´consiste em admitir que a globalização é algo de pluridisciplinar, que envolve todas as dimensões do ser e do agir humanos: “A globalização é um fenómeno pluridimensional e polivalente, que exige ser compreendido na diversidade e unidade de todas as suas dimensões, incluindo a teológica. Isto permitirá viver e orientar a globalização da humanidade em termos de relacionamento, comunhão e partilha".

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