divórcio ou casamento eterno?...

2011-02-04

Um sorriso por… amor

Por iniciativa, segundo me pareceu, da RR, hoje as várias estações de rádio desafiam-nos a sorrir, a sorrir para o vizinho do lado, seja em casa, no prédio, no local de trabalho ou na rua.
O autor da ideia não me conhece de lado nenhum nem nunca deve ter lido nada do que escrevo aqui sentado olhando o mundo por uma janela. Por isso, apesar, de no meu último artigo e post, a primeira atitude a que desafiava os leitores era a de “sorrir uns para os outros”, aqui estou a cumprimentá-lo e a fazer força para que todos os ouvintes sorriam hoje, sorriam a sério e não com um daqueles “sorrisos de casa de banho” (é a minha versão para “sorriso amarelo”), sorriam várias vezes, para que amanhã continuem a sorrir e depois de amanhã também e depois e depois, ao longo do ano e ao longa de toda a vida.
O sorriso não só evita rugas precoces melhor que muitos cremes, alguns bem carinhos, mas ajuda a limar as rugas da alma.
A nossa sociedade, que até é muito criativa a inventar anedotas risonhas, perdeu o hábito de sorrir. Passamos uns pelos outros e é preciso dar um encontrão distraído para pedir um”perdão!” ainda mais distraído a que nem sempre se responde com um “não tem importância” igualmente distraído.
Eu, por acaso, ou melhor por opção ou por educação, tenho por hábito cumprimentar as pessoas, mesmo desconhecidas, que encontro: um aceno de cabeça, um “bom dia” discreto, um sorriso, a que procuro dar o ar mais inocente do mundo, sobretudo se dirige a uma rapariga bonita… “por causa das moscas!” (Não conhece a expressão? Que falta de coltura!)
Os familiares próximos gozam comigo por causa desta minha atitude. Mas não é o “gozo” uma forma de obrigarmos os outros a sorrir?
O meu filho chama-me carinhosamente “serrano”, epíteto de que me orgulho muito, pois nasci no meio das serras do interior. Um grande e exagerado amigo meu, na apresentação que um dia fez da "minha ilustre pessoa", disse: “Um poeta beirão, que foi também médico de muita gente pobre e humilde, escreveu num dos seus livros que "todo o passarinho tem penas, e é feliz de cada vez que volta ao beiral da casa onde nasceu". Como gostamos de voltar ali, meu caro Zé! Leio sempre essa vontade nos teus olhos e sinto-o nas palavras que trocamos todas as vezes que o tempo nos deixa voar - como o tal passarinho do poema - nas asas do pensamento, até à nossa pequena aldeia, onde nos aguarda sempre o cheiro da broa de milho, acabada de cozer no forno do povo do Portal do Linhar; o perfume da sopa das nossas mães, com feijão vermelho e couve galega (ai que saudades!); ou o gosto nunca ultrapassado do maranho da festa… Enganou-se, pois, quem disse que o nosso destino não é telúrico! Somos cidadãos do mundo, é verdade, mas tudo se desmorona - ou, pelo menos, tudo perde o sentido - se for cortado o fio que nos liga ao horizonte onde ainda hoje imaginamos que sempre nasce o sol, à paisagem - a nossa é deslumbrante, por dom do Criador! - que continua a ser o termo de comparação para todas as outras que vamos tendo oportunidade de observar na vida!”.
(Por uma questão de honestamente devo dizer que fiz esta citação com o objectivo de dar alguma qualidade literária e poética a este post!)
Também a minha companheira … Alto lá, não vá alguém pensar que vivemos em união de facto. Não. Estamos casados religiosamente há 40 anos. E chamo-lhe companheira, porque ela é realmente a minha companheira de um projecto que todos os dias vamos construindo com altos e baixos, com alegrias e tristezas, como sorrisos e lágrimas. Chamo-lhe a minha companheira porque ela não é a “minha” mulher, não sou dono dela. Ela é Fátima, tão pessoa como eu.
Mas continuando…
Também a Fátima goza comigo, quando nalguma viagem ao estrangeiro, entro num elevador e cumprimento as pessoas com um “bom dia!” a que alguns respondem com umas palavras desconhecidas que tanto podem ser um “bom dia” como “vai tu!”. Mas cumprimento: um gesto, uma palavra, um sorriso.

O sorriso é ainda a linguagem mais universal. Um sorriso todos o entendem. Um sorriso límpido e sincero ainda o entendem melhor. Por isso respondem também com um sorriso. Além disso, o sorriso não custa dinheiro e é mais eficaz. O sorriso lava a alma, a nossa e a dos outros. O sorriso cura feridas interiores mais facilmente que muitos ansiolíticos, cujo consumo cresce assustadoramente entre nós. O sorriso não se gasta antes pelo contrário: quanto mais se dá, mais se tem e quanto mais se dá mais mais ele se multiplica.
Vá lá, pelo menos hoje sorria para um amigo e, se tiver coragem e amor para isso, sorria a um suposto inimigo. Talvez o sorriso até faça as pazes. Capaz disso é ele!
Vamos sorrir não para enganar ou esquecer a crise, mas para ganhar forças para a enfrentar. Quem é capaz de sorrir é capaz de acreditar na vida, está disponível para acreditar que as borrascas, mesmo tornadas tempestades, são passageiras.
O sorriso é juventude. O sorriso é amor. O sorriso é eterno.

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